A verdade é que desde o inÃcio de sua existência a humanidade sempre buscou se organizar social e politicamente para sobreviver, mas é verdade também que nunca conseguiu estabelecer a igualdade entre os povos. Sempre houve dominantes e dominados, exploradores e explorados. Culminamos com o desenvolvimento do capitalismo, que se renova, se reveste com novas fachadas, mas jamais viabilizará a igualdade.
O máximo que o capitalismo conseguiu idealizar foi o estado de bem-estar social, proposta de Keynes para superar a crise de 1929-30. Essa teoria, ao contrário do liberalismo econômico, permite a intervenção do Estado na economia do paÃs de modo a promover o seu desenvolvimento e o bem-estar de seu povo.
Ocorre que, superadas as crises, a elite econômica retoma para si o poder de conduzir a economia, deixando ao Estado a obrigação protege-la com uma superestrutura jurÃdica e policial além, evidentemente, de deixar também para o Estado a incumbência de cuidar da saúde e educação básica do povo, não para a libertação do homem, mas para fornecer mão de obra à s suas indústrias, bancos e latifúndios.
Mas, não obstante a incapacidade de o sistema capitalista promover a igualdade, existem algumas diferenças de paÃs para paÃs no modo de aplicação do sistema. Dentre esses paÃses podemos destacar o Canadá que, por exemplo, com o lucro de seu petroleira, constituiu um fundo para assegurar à s gerações futuras uma espécie de indenização por ter explorado um elemento que é finito, o petróleo. Noruega, Dinamarca, Holanda, SuÃça, dentre outros conseguiram também estabelecer um poder central forte capaz de gerar uma sociedade sem tantos desequilÃbrios sociais. Uma prisão dinamarquesa oferece, privacidade e conforto aos seus prisioneiros a ponto de promoverem sua recuperação e reintegração social.
Alguns outros paÃses, no entanto, avançaram até determinado ponto em termos de igualdade social, mas logo recuaram à selvageria capitalista. O Uruguai já foi considerado a SuÃça da América e sobre a Argentina dizia-se que em cada esquina havia uma livraria, enquanto no Brasil para cada esquina uma farmácia. Vieram as ditaduras militares e com elas anos cinzentos. E, quando da redemocratização, esses paÃses foram buscar justamente nos antagonistas das ditaduras os seus governantes. Mujica no Uruguai, Kirchner na Argentina, Lugo no Paraguai, Evo Morales na BolÃvia e Lula no Brasil, conseguiram assegurar aos seus respectivos povos melhores condições de vida. Excetuando-se a Venezuela, onde Chaves e Maduro tentaram aprofundar reformas que não foram bem sucedias, haveremos de concordar que os governos de esquerda da América do Sul foram muito bem-sucedidos no que diz respeito ao combate à pobreza, especialmente o governo Lula, reconhecido no mundo inteiro e imitado em seus programas sociais por vários paÃses Africanos e Orientais.
Mas é justamente nesse momento histórico, de avanço para a classe trabalhadora, que ocorre a intervenção da burguesia internacional, aliada à nacional e com o apoio insensato da maioria da chamada classe média, para desmantelar todas as conquistas.
No Brasil, quando a elite econômica não vence eleições acontecem os golpes e o desmonte do estado de bem-estar social para a reimplantação do neoliberalismo. O pre sal da Petrobrás, por exemplo, que seria o alicerce da Pátria Educadora, estão sendo postos à venda por preços Ãnfimos. O Mercosul, graças a ação do Ministro Serra está sem governança. O banco dos BRICS está sendo implodido para que o Banco Mundial e o FMI voltem a dominar. Enfim, os benefÃcios sociais estão sendo aos poucos aniquilados por um governo que ascendeu ao poder graças a um golpe polÃtico-jurÃdico-midiático. Mas para que tudo pareça natural é preciso colocar um bode na sala. Desta feita o bode é o PT.
Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]