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Eduardo Silveira

Maio Amarelo e a violência no trânsito

14 Mai 2016 - 06h00
Maio Amarelo e a violência no trânsito -
Todos os anos, durante todo mês de maio, instituições públicas e privadas ligadas ao trânsito fazem mobilizações junto à sociedade para despertar condutores e pedestres sobre a violência no trânsito brasileiro. Toda esta preocupação se justifica nos dados divulgados recentemente pela ABRAMET - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego e Organização Mundial da Saúde, em que a cada 12 minutos uma pessoa morre vítima de acidente de trânsito no Brasil. Estes números colocam o Brasil como o quinto país do mundo e o terceiro das Américas em que mais se perde vida em acidentes de trânsito. Esta triste estatística, traduzida em vidas perdidas, mostra que, no ano de 2010, o número de óbitos superou a cifra de 50.000, e em 2014, passou de 47.500. Para se ter uma ideia do que isso significa, a guerra do Iraque matou 100.000 pessoas entre os anos de 2003 a 2009.


Muito embora nos últimos anos tenha-se registrado ligeira redução no número total de mortes, não há motivo para comemorar, pois somente entre os motociclistas, houve um aumento assustador de mais de cinquenta por cento dos óbitos levantados. Atendimentos realizados no ano de 2015 pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192, mostram que foram registrados 3.924 acidentes de trânsito, sendo que 65,26% representados por motocicleta e, deste contingente, 95% dos motociclistas apresentaram algum tipo de traumatismo e os membros inferiores corresponderam aos locais mais atingidos, seguidos da cabeça e dos membros superiores. Estes números comprovam que Dourados acompanha a estatística nacional, infelizmente.
Quando se analisa mais detalhadamente as vítimas do trânsito no Brasil, constata-se que há uma considerável predominância do sexo masculino, cujas taxas chegam a ser três a quatro vezes superiores às apresentadas pelas mulheres. Com relação às idades, os acidentes que levam à morte são com maior frequência representada pelos adultos jovens. Quando ocorrem nos finais de semana e na madrugada, estão presentes as combinações mortais: álcool e direção.


Aqui em Dourados, a conscientização pelo maio amarelo, é referendada pela AGETRAN, CCR vias, PRF, PRE, Seguradora Porto Seguro, DETRAN, Centro de Formação de Condutores, Guarda Municipal, Polícia Militar, Secretaria Municipal de Saúde, Corpo de Bombeiros 193 e SAMU 192. Nesta mobilização, o foco principal consiste na abordagem e conscientização de condutores de automóveis , motociclistas , pedestre e ciclistas para respeitarem as Leis de trânsito, como não falar ao celular enquanto dirige e respeitar os limites de velocidade da via. Já os pedestres são orientados a atravessar pela faixa de segurança.


No concernente à parte econômica, os acidentes de trânsito devem ser também motivo de preocupação de toda a sociedade, pois a maioria dos afastamentos temporários ou definitivos do trabalho representa despesa dupla aos cofres públicos, em que o cidadão deixa de produzir e passa, mesmo que temporariamente, custeado pela já combalida previdência social. Em 2010, por exemplo, foram pagas 50.780 indenizações por morte e R$ 2,3 bilhões em indenizações por reembolso de despesas médicas e hospitalares.


Diante de todo este desarranjo causado pelos acidentes de trânsito no Brasil que lota hospitais carentes de leitos e recursos, e que no pior dos infortúnios, restam mortos ou inválidos, sobretudo do número crescente de motociclistas, especialistas apontam que este problema é multifatorial e deve ser tratado com brevidade pelo setor público e também pelos pedestres e condutores. Melhorias nas estradas e nas sinalizações, ações das forças policiais e órgãos de trânsito que fiscalizem e penalizem principalmente o excesso de velocidade e álcool na direção, ações educativas como o maio amarelo que têm por finalidade principalmente educar e divulgar ações de segurança afiguram-se relevantíssimas e de notória eficiência. Enfim, é preciso convocar todas as pessoas, dos oito aos oitenta anos, assim como os membros dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público para se comprometerem com a causa e, com isso, tentar preservar vidas.


Sendo assim, à luz do exposto, conclui-se com as precisas e cirúrgicas lições do Dr. Antonio Meira, ex-presidente da ABRAMET:


"O melhor remédio para esta verdadeira doença da modernidade é a mudança que cada um de nós estiver disposto a fazer na busca de um trânsito onde a vida do homem seja a prioridade." (Fonte: Abramet)


Coordenador do SAMU 192; Especialista em Medicina de Tráfego.

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