Dourados – MS quinta, 18 de abril de 2024
17º
José Alberto Vasconcellos

Errar é passível. Insistir no erro, é moléstia!

04 Jun 2016 - 06h00
Errar é passível. Insistir no erro, é moléstia! -
No meu último livro "O choro dos Anjos", recentemente lançado, às págs.145/147, encontra-se um artigo intitulado "Mocassinos e Plantilhas", onde se lê: "Todo dia a imprensa noticia que aqui em Dourados, há uma ALDEIA BORORO. Indiquem onde fica essa aldeia e mostrem-me apenas um índio dessa etnia e ganhem uma rapadura!"


A mesma imprensa também noticia, insistentemente, que o nome do nosso Aeroporto Municipal leva o nome de Francisco de Matos Pereira, quando, na realidade, o nome do aeroporto, desde que funcionava na Cabeceira Alegre, hoje Vila Industrial, sempre foi "Arlindo Cardoso". No mesmo livro "O choro dos Anjos", às págs. 131/135, sob o título: " História de Dourados: o nome do Aeroporto I"; e "História de Dourados: o nome do aeroporto II", atestamos, com documentos incontestáveis, tudo o que se precisa saber para acabar com a farsa que, em última instância, serve tão só para enganar as crianças nas escolas e os incautos.


O mesmo ocorre com a tal Aldeia Bororo, em Dourados. A real Aldeia dos Bororos localiza-se no Estado de Mato Grosso, no município de Rondonópolis. A Enciclopédia Larousse-Veja, esclarece: "Bororo.Individuo dos bororos, grupo indígena que habita o Leste de Mato Grosso. Língua do tronco macro-jê, falada pelos bororos."
Então como surgiram as estórias? O AEROPORTO: O prefeito Zé Elias construiu uma estação para os passageiros no aeroporto, à qual deu o nome de Francisco de Matos Pereira; com o tempo e a má fé de alguns, o Aeroporto inteiro, passou a ter o nome de Francisco de Matos Pereira, "revogando" o nome de Arlindo Cardoso.


E a tal "ALDEIA BORORO"? Ouvi de pessoa que viveu e conviveu quase meio século, com os indígenas na "Aldeia Jaguapiru", onde convivem os Kaiwas e os Guaranis, que falam língua quase idêntica: o Guarani, "...que viveu na Aldeia Jaguapiru, um índio(não se sabe se Kaiwa ou Guarani), que tinha o apelido de Bororó e morava no lado oeste da reserva. Foi por causa desse apelido, "bororó", que deram a esse índio, que presume-se, era parente do Getúlio – índio festeiro na Jaguapiru – que o local ficou conhecido como "Aldeia Bororó."


Assim explicado o engano e pela ausência no local – tido como Aldeia Bororó – de qualquer indígena da etnia Bororo, conclui-se, sem dificuldade, que a estória de Aldeia Bororó, no município de Dourados, anexa à Aldeia Jaguapiru, é fruto de um colossal engano, irresponsavelmente difundido, provocando confusão entre os estudantes e mesclando com a ignorância, a boa-fé do cidadão, enganando a própria FUNAI!


Quanto a notícia estampada no jornal "O progresso", ed. 24.11.15 de que a Funai estuda ampliar a reserva indígena, lemos: "A Fundação Nacional do Índio está realizando levantamento sigiloso para ampliar a Reserva Indígena de Dourados, que abriga as aldeias Jaguapiru e Bororo..."(?) Como se vê nas "providências" noticiadas pela FUNAI, órgão do Governo federal criterioso, a serviço dos silvícolas, incluindo a tal Aldeia Bororo (que nunca existiu) como necessitando de ampliação da sua área, é estarrecedor! Porque até no além do aquém, onde não mora ninguém, ela leva sua "ação saneadora."
Arre égua!


O que a Funai deveria fazer, seria cadastrar os índios da etnia Terena que moram na Aldeia Jaguapiru. Eles chegaram aos poucos, como funcionários do S.P.I. (Serviço de Proteção ao Índio) e se tornaram numerosos, inchando a população na aldeia local, destinada aos Kaiwas e aos Guaranis. Os Terenas, falam língua do tronco familiar dos aruaques, completamente diferente do tronco Guarani; têm sua Aldeia à margem esquerda do Rio Paraguai, MT; e a leste e oeste do rio Miranda MS. Constituem um subgrupo dos Guanás. Essa etnia é muito mais esperta e despachada que os Kaiwas e os Guaranis e na convivência com estas etnias, sempre levam vantagem.


Dos assuntos abordados, temos que o nome do Aeroporto Municipal de Dourados é (e sempre foi) Arlindo Cardoso (1920-1958). Filho de Ezaul Cardoso e de D. Aurora Icassatti de Cardoso, que recebeu do Ministério da Aeronáutica o título honorífico, de "A mãe da aviação brasileira", porque dos dez filhos que teve, os seis do sexo masculino, tornaram-se pilotos. Dois deles pereceram em desastres aéreos Arsênio, com 31 anos, em 1948 e Arlindo, com 38 anos, em 1958. Dois filhos do casal – irmãos do Arlindo – Heitor e Aral, granjearam no seio da Força Aérea Brasileira, as patentes de coronéis aviadores.


A família Cardoso conquistou o mérito de ter o AEROPORTO DE DOURADOS COM O NOME DE ARLINDO CARDOSO, no Ministério da Aeronáutica. No livro "O choro dos Anjos", você encontra resposta para todas as perguntas. Anote: Arlindo (de Jesus) Cardoso (Certidão de nascimento: Livro A – 16 – Folha nº 26 – Termo nº 255, do 2º Reg. Civil de Ponta Porã; lavrada em 11.04.1920).


Aos 80 ANOS, DOURADOS não pode conviver com mentiras!


Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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