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José Carlos de Oliveira Robaldo

Coincidência, coincidência...

19 Mai 2016 - 06h00
Coincidência, coincidência... -
As inúmeras coincidências do último fim de semana (7 e 8) e primeiras horas de segunda-feira (9) infelizmente corroboram a afirmação de Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, de que no Brasil "tudo é possível", o que serve de motivo de chacota lá fora, como se tem afirmado.


A fertilidade do nosso país em produzir fatos é tão grande que até mesmo os analistas e comentaristas de plantão, por maior que sejam as suas dinâmicas, não conseguem acompanhar as notícias que se sucedem. Imaginem os demais!


Apenas para exemplificar, na segunda-feira (9) logo pela manhã foi noticiada a condução coercitiva pela PF do ex-ministro Mantega. Nem bem esta noticia tinha sido assimilada, surge a informação bombástica de que o deputado Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara Federal, tinha anulado a decisão sobre o processo de impeachment da presidente Dilma (Operação Tabajara, para o min. Gilmar Mendes) transcorrido naquela Casa, seguido pelo não conhecimento dessa decisão pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, horas depois, revogada pelo próprio dep. Waldir Maranhão. Na terça-feira (10), a população da "Cidade Morena" foi acordada pelas notícias do cumprimento pela PF de prisões e buscas e apreensões em algumas residências (Operação Lama Asfáltica).


Esse desatino (anulação do prosseguimento do impeachment) teve impacto de um tsunami na nossa economia, pois provocou imediatamente fortes efeitos no mercado financeiro. A cotação do dólar subiu 5%; as ações preferenciais da Petrobrás caíram 12,30%; papeis ordinários despencaram 9,98% (fonte: InfoMoney).


De fato, a decisão do presidente interino da Câmara Federal está cercada de vários mistérios, ou melhor, de inúmeras coincidências. O voto de referido deputado contrário ao impeachment já foi uma surpresa, sobretudo pelos seus vínculos com o dep Eduardo Cunha. No seu primeiro fim de semana como presidente, utilizando-se das benesses do cargo, foi à capital do seu Estado, onde se reuniu com o respectivo governador, aliado da presidente Dilma, a quem deu carona ao retorno a Brasília, no domingo. E na noite desse domingo, juntamente com o aludido governador, foi jantar na residência do deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), apoiador do governo Dilma, onde coincidentemente apareceu o ministro José Eduardo Cardoso.


Coincidência daqui, coincidência dali, nas primeiras horas da segunda-feira (9), o dep Waldir Maranhão divulga a sua decisão. Decisão esta monocrática, isto é, sem consultar a diretoria da presidência, o plenário e nem mesmo a equipe técnica da Casa. O que é mais curioso ainda nesse quadro é que ele convoca a imprensa na segunda-feira para uma entrevista coletiva, em que se esperava que fosse dar os fundamentos da sua decisão. A entrevista (monólogo) aconteceu, entretanto, além de não justificar a sua decisão, não permitiu perguntas por parte dos jornalistas. Curioso não?! Acontece tudo isso e a presidente Dilma só toma conhecimento pelo celular, como ela mesma justificou por ocasião do seu pronunciamento (9) no palácio do Planalto, que "soube agora da mesma forma que vocês souberam, apareceu nos celulares que todo mundo tem aqui, que um recurso foi aceito e, portanto, o processo está suspenso. Eu não tenho essa informação oficial". Será?


São muitas coincidências com efeitos devastadores, inclusive em relação à segurança jurídica do país.
Não estariam subestimando a nossa inteligência? Vamos aguardar a resposta das urnas.
É o preço da democracia.

As inúmeras coincidências do último fim de semana (7 e 8) e primeiras horas de segunda-feira (9) infelizmente corroboram a afirmação de Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, de que no Brasil "tudo é possível", o que serve de motivo de chacota lá fora, como se tem afirmado.


A fertilidade do nosso país em produzir fatos é tão grande que até mesmo os analistas e comentaristas de plantão, por maior que sejam as suas dinâmicas, não conseguem acompanhar as notícias que se sucedem. Imaginem os demais!


Apenas para exemplificar, na segunda-feira (9) logo pela manhã foi noticiada a condução coercitiva pela PF do ex-ministro Mantega. Nem bem esta noticia tinha sido assimilada, surge a informação bombástica de que o deputado Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara Federal, tinha anulado a decisão sobre o processo de impeachment da presidente Dilma (Operação Tabajara, para o min. Gilmar Mendes) transcorrido naquela Casa, seguido pelo não conhecimento dessa decisão pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, horas depois, revogada pelo próprio dep. Waldir Maranhão. Na terça-feira (10), a população da "Cidade Morena" foi acordada pelas notícias do cumprimento pela PF de prisões e buscas e apreensões em algumas residências (Operação Lama Asfáltica).


Esse desatino (anulação do prosseguimento do impeachment) teve impacto de um tsunami na nossa economia, pois provocou imediatamente fortes efeitos no mercado financeiro. A cotação do dólar subiu 5%; as ações preferenciais da Petrobrás caíram 12,30%; papeis ordinários despencaram 9,98% (fonte: InfoMoney).


De fato, a decisão do presidente interino da Câmara Federal está cercada de vários mistérios, ou melhor, de inúmeras coincidências. O voto de referido deputado contrário ao impeachment já foi uma surpresa, sobretudo pelos seus vínculos com o dep Eduardo Cunha. No seu primeiro fim de semana como presidente, utilizando-se das benesses do cargo, foi à capital do seu Estado, onde se reuniu com o respectivo governador, aliado da presidente Dilma, a quem deu carona ao retorno a Brasília, no domingo. E na noite desse domingo, juntamente com o aludido governador, foi jantar na residência do deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), apoiador do governo Dilma, onde coincidentemente apareceu o ministro José Eduardo Cardoso.


Coincidência daqui, coincidência dali, nas primeiras horas da segunda-feira (9), o dep Waldir Maranhão divulga a sua decisão. Decisão esta monocrática, isto é, sem consultar a diretoria da presidência, o plenário e nem mesmo a equipe técnica da Casa. O que é mais curioso ainda nesse quadro é que ele convoca a imprensa na segunda-feira para uma entrevista coletiva, em que se esperava que fosse dar os fundamentos da sua decisão. A entrevista (monólogo) aconteceu, entretanto, além de não justificar a sua decisão, não permitiu perguntas por parte dos jornalistas. Curioso não?! Acontece tudo isso e a presidente Dilma só toma conhecimento pelo celular, como ela mesma justificou por ocasião do seu pronunciamento (9) no palácio do Planalto, que "soube agora da mesma forma que vocês souberam, apareceu nos celulares que todo mundo tem aqui, que um recurso foi aceito e, portanto, o processo está suspenso. Eu não tenho essa informação oficial". Será?


São muitas coincidências com efeitos devastadores, inclusive em relação à segurança jurídica do país.


Não estariam subestimando a nossa inteligência? Vamos aguardar a resposta das urnas.


É o preço da democracia.


Procurador de Justiça aposentado. Advogado. Mestre em Direito Penal pela UNESP. Professor universitário. e-mail: [email protected]

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