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Opinião

As crianças e as doenças do verão

16 Fev 2016 - 11h35Por Valéria Araújo Do Progresso
As crianças e as doenças do verão -
Eduardo Marcondes

Com o verão se aproximando certas doenças logo aparecem. Por isso é bom tomar alguns cuidados. Junto da estação mais quente do ano, vem as chamadas “doenças de verão”: o calor excessivo provoca a ocorrência de alguns problemas de saúde típicos da época, sendo os mais frequentes desidratação, insolação, dengue, intoxicação alimentar, hepatite A e doenças de pele. Muitos acreditam que estarão protegidos contra as doenças de inverno, como gripes, resfriados e pneumonia. Porém, todo o cuidado é pouco, pois essas doenças ocorrem em qualquer época do ano. Com a dengue, a chikungunya e zika dominando as discussões acerca da melhor forma de combater e evitar o contágio dessas três patologias transmitidas pelo mesmo vetor, há certa tendência de “esquecermos” das outras doenças características desse período e que possuem grau maior ou menor de letalidade. É sobre essas patologias e os cuidados que os pais devem ter para evitá-las que vou discorrer neste artigo.


Comecemos pela desidratação. A desidratação é a perda de líquidos e sais minerais do corpo, que pode ser aumentada por vários fatores no verão, como o aumento da própria transpiração. Normalmente, perdemos em média 2,5 litros de água por dia, seja pela urina, fezes, suor ou até mesmo pela respiração. A pessoa passa a apresentar sede, fica muito tempo sem urinar, com a boca e mucosas secas e olhos ressecados. É uma doença grave, que pode ser evitada com alguns cuidados: prefira local arejado e com sombra, use roupas leves e ingira constante-mente líquido. 


Como tratamento, o soro caseiro, preparado à base de uma colher de sal para cada litro de água, pode ser utilizado. A pessoa pode tomar a vontade a cada 20 minutos e após cada evacuação no caso de diarreia. A diarreia (funcionamento anormal do intestino) costuma ser causada por bactérias presentes em alimentos ou na água. Por isso, é importante prestar atenção na qualidade dos alimentos oferecidos à criança na praia e em outros lugares que não façam parte da rotina da família. Para evitar que o quadro leve à desidratação, é importante dar bastante água e outros líquidos à criança. Se for persistente, deve-se procurar um médico para avaliar as causas.


No caso da intoxicação alimentar, a alimentação feita em locais que não possuem higiene adequada no preparo e conservação dos alimentos ou que deixam eles expostos por longos períodos à temperatura ambiente são os principais causadores. Quando uma pessoa ingere um alimento contaminado, ela pode desenvolver alguns sintomas que variam de acordo com o microorganismo causador do distúrbio. Pode causar diarreia, um simples desarranjo intestinal, náuseas, vômitos, febre, cefaleias, e até mesmo, desidratação grave. Em geral, os sintomas duram poucos dias.


No verão temos mais contato com a água, seja transpirando ou pela ida na praia ou na piscina. Isso faz com que a nossa pele fique úmida por mais tempo, o que favorece o aparecimento das micoses - doenças causadas por fungos. A doença pode aparecer nas virilhas, nos pés e nas unhas. Inicia-se sempre por uma pequena lesão vermelha, provoca escamação contínua da pele e coceira. Deve-se procurar um dermatologista.


A conjuntivite bacteriana é uma infecção das conjuntivas (aquela pele transparente que recobre os olhos). Entre os sintomas, estão olhos vermelhos e lacrimejantes, produção de secreção amarelada, fotofobia (dor ao olhar para a luz) e uma sensação de que há areia dentro dos olhos. Às vezes, acontece de as pálpebras estarem grudadas quando a pessoa acorda. O contágio pode ser através de contato direto com uma pessoa contaminada, compartilhando toalhas, mergulhando no mar em praias poluídas e usando piscinas com tratamento de cloro ausente ou ineficiente.


Apesar da possibilidade de incidências das doenças abordadas neste artigo e ainda algumas outras que fazem parte das “doenças sazonais”, o verão deste nosso Brasil tropical pode ser muito bom tanto para os pais, quanto para as crianças. Basta prevenir, que é sempre melhor do que remediar.


Médico pediatra

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