O capitalismo, desenvolvido pela burguesia, através da revolução industrial tanto Francesa quanto Inglesa, obrigou aos sujeitos sociais a adotarem em nossa contemporaneidade novos hábitos e filosofias de vida, determinados padrões comportamentais, bem como em certa medi-da, um rompimento com o conservadorismo tradicional.
Neste sistema, tudo deve ser descartável como observou Marx: “O sólido se desmancha no ar”, tudo está voltado para os meios de produção e o consumo, em que se produz todo tipo de mer-cadorias para o lucro sem precedentes e a rotatividade do sistema capitalista. Só para citar al-guns exemplos, quem é que nunca trocou de carro, de celular ou aparelho de TV, etc..
Sempre estamos à espera de um novo produto, mais sofisticado, potente ou mais moderno. O mercado controla tudo, produz e reproduz para as classes mais abastadas que estão incluídas socialmente, bem como para as classes pauperizadas que são incluídas de forma perversa, ou seja, somos indivíduos controlados e dominados pela ideologia do capital.
Ademais, o que mais me impressiona dentro deste arcabouço do capitalismo são os comporta-mentos dos sujeitos sociais, tornando-os esquizofrênicos e alienados. É muito comum pessoas dizerem “times is Money” (tempo é dinheiro), estudam, trabalham horas e horas, viajam para mundo dos negócios. Por outro lado, poluem os rios e o meio ambiente, provocam desmata-mentos, tudo em nome de um medíocre enriquecimento e progresso. Em outras palavras, as pessoas fazem de tudo pelo dinheiro nem que custe qualquer coisa, até mesmo a vida de seres humanos. Afinal, é apenas mais um infeliz descartável de carne e osso que vai morrer ou já morreu.
E o mais interessante se delineia para a perda dos valores, conservadores, morais, éticos e reli-giosos, de sujeitos cada vez mais desavergonhados. Nesta sociedade, tudo tem que gerar e cir-cular dinheiro, nem que seja para as coisas mais profanas e perversas.
Alguns exemplos são atrizes e modelos que ganham altos cachês para pousarem nuas em determinadas revistas ou fazer filmes pornôs, e ainda dizem: “É apena um trabalho profissional”, outros sujeitos vendem seu próprio corpo em redes de programas, mas, diga-se de passagem, tem que ser um corpo invejável e perfeito para agradar a clientela, pois um corpo fora de forma se torna descartável e não vale dinheiro, porém nunca devemos esquecer que é um “trabalho profissional”, “são pro-fissionais do sexo”.
Caro leitor, essas são apenas algumas das nuances e contrastes engendrados pelo capitalismo. Em outras palavras, este sistema produz e reproduz o volátil, o efêmero, o ambíguo e o contin-gente, características estas de uma sociedade capitalista da qual fazemos parte.
Como já disse antes, tudo deve gerar e circular dinheiro para alimentar o capitalismo, nem que para isso, haja vários tipos de atitudes e comportamentos sociais, desde aos mais ditos normais aos anormais, dos mais perversos aos mais depravados e hipócritas, ou seja, nesta sociedade não existe mais nem o profano nem o sagrado, nem o certo e nem o errado. Eis a questão: será que tudo se tor-nou relativo ou está tudo banalizado?
Caro leitor, quero ponderar que, é comum as pessoas veem tais fatos anormais como normais que transcorrem no cotidiano, pois é por estas e outras razões que classifico esta sociedade como “um avesso social”. Cito aqui apenas alguns exemplos (os assassinatos, a corrupção, o individualismo, são fatos “normais”), mas se isso ocorre ao inverso, as pessoas consideram anormal (a paz, a honestidade, a solidariedade) vira até noticia de imprensa.
Em suma, o capitalismo veio como um “rolo compressor” impôs aos sujeitos sociais a se ade-quar aos seus moldes e ideais, desfacelou e destruiu o véu sentimental da família, das amizades, da solidariedade, do respeito, da ética, da moral, enfin, tudo virou mercadorias descartáveis, inclusive nós, produtos humanos a base de vendas e trocas comerciais.
#####Valdinei Lima, Cientista Social e Político pela UFGD e funcionário Público.
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