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Editorial

Triste cenário

29 Dez 2015 - 10h45
Triste cenário -
Todo final de ano no Brasil a saúde pública que já é considerada como um caos fica ainda mais congestionada. Quer seja pelos grandes e pequenos acidentes ou mesmo pelos excessos na ingestão de alimentos ou bebida alcoólica. O fato é que o cenário no Brasil afora tem sido de tamanho descaso por parte daqueles hospitais que tem o dever de salvar vidas humanas. O Pronto socorro já não presta o pronto socorro como deveria. Não há mais vagas e médicos suficientes, instrumentos e aparelhagem capazes de suportar a demanda. O Brasil cresce e os investimentos na área da saúde encolhem ou são desviados. Por incrível que pareça o modelo de saúde pública implantado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) é admirado pelo mundo todo pela sua universalidade. E esse modelo tem tudo a ver com a Constituição de 88 quando diz que a saúde é direito de todos.


Por causa deste modelo é que os ricos têm o mesmo acesso que os pobres na saúde pública, o mesmo direito, o mesmo tratamento. Muito interessante este sistema se levarmos em conta que segundo a própria CF/88 todos somos iguais perante a lei. Porém não funciona pela falta de planejamento, pela má gestão e também por culpa da maldita corrupção que atenta contra todos os setores públicos e privados.


A população reage geral contra o descaso na saúde pública, porém reage de maneira errada, contra os servidores ou contra os hospitais que as atendem. Muitos servidores têm sido atacados injustamente porque são os que ficam na linha de frente dos atendimentos. Mas o grau de culpa dos servidores ou dos hospitais é quase nenhum. A revolta dos pacientes e familiares que deveriam ser atendidos e não, são, recaem pra cima dos servidores, mas na realidade deveria ser dirigida aos governantes.


O SUS por ser um sistema do governo federal é controlado pela presidente da República e o Ministério da Saúde portanto o poder de modificar a saúde para melhor está nas mãos daqueles que menos são cobrados diretamente pela população.


Justamente a população que mais necessita de atendimento na saúde pública em épocas de eleições quando tem o poder nas mãos de tentar mudar este estado de calamidade na saúde acaba reclamando e votando de maneira errada. De nada adianta reclamar durante quatro anos para depois, no dia das eleições, votar sem antes imaginar qual candidato teria como mudar tal situação. Qual candidato iria cuidar bem dos recursos da saúde e não surrupiar os cofres públicos. Qual o candidato de confiança. O nome já diz: voto de confiança, que, portanto deve ser depositado em candidatos da confiança do eleitor.


Não é de hoje que a saúde pública é tratada com descaso, porém ultimamente a situação tem se agravado e o que já era ruim deu conta de piorar ainda mais. Exames que demoram mais de um ano para ficarem prontos.


Pacientes implorando por atendimento na porta de hospitais. Aliás, pacientes que imploram para pelo menos se deitar em uma maca nos corredores. O caos é tão grande que a disputa pelas macas infelizmente já se tornou realidade em muitos hospitais do Brasil. A disputa por leitos, por vagas na UTI por parte de familiares, são cenas de causar indignação a população que na realidade cobra por um direito que está sendo violado e não por um favor.


A má gestão no Sistema Único de Saúde tem ferido de morte os brasileiros. Até mesmo aqueles cidadãos sensatos que não dependem da saúde pública, pois são conveniados a algum plano de saúde ficam indignados com a situação, afinal de contas a sensibilidade fala mais alto nessa hora e o brasileiro é sempre solidário.


Muitas famílias têm recorrido a rifas e outros tipos de mobilizações para tentar angariar recursos para determinados tratamentos ou mesmo pedindo doações através das redes sociais ou outras formas de custear o tratamento. Que no ano que se aproxima tenhamos um povo mais consciente na hora de votar. As eleições de 2016 são somente para prefeitos e vereadores. Porém é importante começar as mudanças pela base, pelo alicerce da política.


Que em 2016 também tenhamos uma população mais consciente, não somente sobre o voto, mas na questão da saúde preventiva. O velho ditado de que é melhor prevenir do que remediar continua valendo, aliás, esse ditado nunca perderá o sentido. Que tenhamos um povo mais consciente sobre o descarte do lixo, sobre os cuidados que se deve tomar com água parada e principalmente consciente quanto a higiene pessoal e a limpeza do meio ambiente em que se vive em comunidade. Não se trata de exigência, mas sim do mínimo necessário para se viver em sociedade.

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