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Entrevista Exclusiva

“Tinha minha maneira de trabalhar”, diz Coronel Adib

03 Jun 2016 - 06h00
Após solenidade de aniversário do DOF, coronel Adib Massad concedeu entrevista na redação de O Progresso na quarta-feira passada. - Crédito: Foto: Marcos RibeiroApós solenidade de aniversário do DOF, coronel Adib Massad concedeu entrevista na redação de O Progresso na quarta-feira passada. - Crédito: Foto: Marcos Ribeiro
O Coronel PM da Reserva, Adib Massad, 87 anos de idade, em entrevista concedida com exclusividade a O Progresso fala do período marcante em sua carreira quando comandou o Grupo de Operações de Fronteira em Dourados no início dos anos 90. O Coronel esteve em Dourados na última quarta-feira prestigiando a solenidade que comemorou os 29 anos de criação do GOF, hoje DOF e visitou a redação de O Progresso. Quando Cel Adib comandava o GOF em Dourados os índices de criminalidade foram reduzidos a zero em determinados períodos. Leia:

Como o senhor relembra de como tudo começou em Dourados?


"Na época se não me engano eu estava passando para a reserva quando assumi o comando do Grupo de Operações de Fronteira. Aceitei o convite, assumi o comando e nele permaneci por longos anos. O trabalho foi a minha maneira, minha maneira de trabalhar, com pontualidade, energia e com isso foi criando uma imagem saudável, boa, positiva e encontrei nos meus comandados, disposição de seguir o ritmo de trabalho mais enérgico e foi assim que aos poucos nós fomos adquirindo bons resultados e na época era bastante difícil. Muito assalto, muito roubo, e tínhamos que combater frente a frente a situação e graças a boa vontade dos meus comandados fomos aos poucos atingindo os nossos objetivos".

Foi a garra de equipe que manteve o Grupo?


"Sem duvida, o que mais me sustentou no comando foi a coragem, a boa vontade, a disposição dos meus humildes comandados. O risco não era somente na fronteira. Era em todo lugar que nós nos deparávamos com situações difíceis. Não posso afirmar que tinha missão fácil porque na realidade não tinha facilidade com nada que a gente fosse fazer. Era tudo com muita dificuldade e somente com muita disposição e coragem para enfrentar, decidir e era o que nós fazíamos".

Como o senhor selecionava os seus soldados?


"Naquela época ainda não tinha escola de formação de soldados. E eu tinha autorização para incluir voluntários e os voluntários que apareciam eram todos integrantes do Exercito, na época, principalmente nordestinos que vinham de seus estados para Mato Grosso do Sul com o objetivo de angariar meio de trabalho. E com a nossa dificuldade de renovar, de melhorar o grupo era difícil, então, eu aproveitava, quando aparecia os nossos voluntários na polícia para trabalhar".

De que maneira o senhor entrevistava eles?


"Eu fazia perguntas, uma delas era se ele tinha coragem. E perguntava mesmo abertamente sem receio, perguntava você tem coragem? A tenho sim senhor. E você já matou?. Então era uma pergunta fora do rumo, mas com o objetivo de sentir mais profundamente a situação de cada um. A coragem de cada um, fazia a pergunta não com o pensamento de que ele tinha que matar alguém mas com o objetivo de sentir da pessoa, a coragem dele trabalhar. Quando eu fazia a pergunta ele ficava sem saber como responder e eu falava então entra meu filho, vou providenciar um fardamento para você porque não tinha tantos policiais, então foi dessa forma que eu criei, montei o maior grupo o Grupo de Operações de Fronteira. Foi uma maneira que eu encontrei de ter a certeza de ter um homem livre, liberado com vontade de querer trabalhar".

Hoje a realidade é diferente?


"Hoje a realidade é outra. No começo do nosso trabalho, quando eu assumi o comando teve muita mudança referente aos nossos companheiros. Uns que saiam, outros que queriam entrar, então ficava difícil para poder manter um trabalho permanente, fixo, pôr causa da troca de elementos e muitas vezes tinha que dispensar, tinha que recolher. Tínhamos essa dificuldade, mas não podia desmontar o grupo que estava montado porque tinha que ter um substituto a altura daquele que ia sair. Isso dificultava também o nosso trabalho. Mas graças a boa vontade, nós suprimos porque outra coisa que valorizava nosso trabalho era quando eu fui convidado para comandar um Grupo de Operações de Fronteira e eu exigi duas coisas: Uma era que eu escolhesse meus homens. Segundo, o meu solado tinha que ganhar bem e isso favoreceu muito o trabalho porque o meu superior me deu aquilo que eu havia pedido. Os meus soldados do GOF ganhavam mais do que os outros grupos e trabalhavam bem. Se hoje eu digo que tive êxito no comando do Grupo de Operações de Fronteira, uma das consequências é do policial estar ganhando bem para não precisar de nada. E o apoio, sem comentários, sem palavras para comentar o apoio da comunidade. Não tenho como citar nomes, mas hoje, por exemplo, re-encontrei inúmeros companheiros do passado e eles colaboravam, não nos faltava nada. As viaturas estavam sempre abastecidas, alimentação nunca faltou. Em todo lugar que a gente transitava era bem recebido, então, tudo isso favoreceu bastante e graças a Deus os meus comandados eram corretos, honestos, faziam aquilo que tinha que ser feito. O que eu posso dizer com tranquilidade, sem medo de errar".

Hoje o senhor quando olha para trás se sente realizado?


"Graças a Deus me sinto realizado e não tenho palavras para agradecer o quanto os meus comandados colaboraram comigo para cumprir a missão. Devo essa obrigação a todos os meus companheiros, falo com sinceridade, não tenho palavras porque sem a boa vontade, sem a honestidade de cada um, eu não teria condições de comandar. Esta entrevista pode ser acessada na íntegra no progressoonline www.progresso.com.br.

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