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Editorial

Tabagismo Global

30 Mai 2011 - 06h06
Tabagismo Global -
30.05.2011 - Tabagismo Global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza amanhã, dia 31 de maio, em todo o planeta, ações voltadas para o Dia Mundial de Combate ao Fumo, numa tentativa de alertas as pessoas sobre os males provocados por esse vício que é hoje a terceira maior causa de mortes em todo o mundo. Os números são assombrosos: terço da população mundial adulta, ou seja, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas são fumantes, sendo que 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam.

Nem mesmo toda campanha global que é realizada contra o tabagismo está sendo capaz de conter esse mal, já que a dependência da nicotina só é contida por meio de um longo e exaustivo tratamento médico. Esse é um vício que atinge ricos e pobres, mas os menos afortunados sofrem mais com o tabagismo porque precisam gastar um percentual maior do salário para manter o vício. Nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, enquanto nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica, chegando a 24%, enquanto os homens somam 42%.

O volume de mortes provocadas pelo consumo de cigarro é proporcional ao de fumantes, ou seja, 4,9 milhões de pessoas morrem todos os anos em virtude de doenças provocadas pelo fumo, o que dá uma média de 10 mil mortes por dia em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde estima que, mantidas as atuais tendências de expansão de consumo de cigarro no planeta, o número de mortes anuais chegará a 10 milhões a partir de 2030, com sete em cada 10 dessas mortes ocorrendo em países em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo.

Portanto, caberá ao governo brasileiro apertar ainda mais a guerra contra o tabaco, fiscalizando o cumprimento das leis antifumo que foram aprovadas na maioria dos Estados e, mais importante, ampliando a oferta de tratamento médico gratuito para aqueles que pretendem deixar o vício. Ao fazer isso, o governo estaria atuando não apenas em favor da vida, mas, também, em causa própria, uma vez que as doenças provocadas pelo consumo de cigarro figuram entre as principais causas de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que o cigarro é a principal causa do câncer de pulmão e atua como maior fator de risco para outros tipos de câncer como laringe, pâncreas, rim, bexiga, além, de provocar doenças cardiovasculares e respiratórias que ficam crônicas em pouco tempo de vício. Infelizmente, mesmo com estudos científicos demonstrando claramente a relação entre o consumo dos produtos derivados do tabaco com o desenvolvimento de doenças graves e fatais, a indústria do tabaco continua lançando novos produtos no mercado sob diferentes formas.

Como o cigarro ainda é considerado uma droga lícita, a exemplo das bebidas alcoólicas, essa situação só deverá mudar no dia em que os governantes endurecerem a guerra contra as indústrias, já que elas criam todos os meses novas marcas de cigarros, charutos, cachimbos, cigarros de palha, de cravo, de Bali, mascado e até com sabores com o objetivo único de conquistar novos consumidores.

Ora, se a indústria lucra com o tabagismo, nada mais lógico que o governo federal criar um fundo para que ela ajude a bancar as despesas com tratamento médicos dos dependentes, mesmo porque as novas opções do mercado aparecem com apelo de serem naturais, conterem menor teor de substâncias tóxicas e serem menos danosas à saúde, mas estão longe disso, já que são engenhosamente manufaturadas para servirem como dispositivos liberadores de nicotina, droga capaz de causar dependência química em poucas semanas de uso.

O governo brasileiro, país onde dez pessoas morrem por hora em decorrência de doenças relacionadas ao fumo, deve ficar ainda atento às manobras da indústria tabagista, mesmo porque os fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos da fumaça que provoca irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos e aumento dos problemas cardíacos, sobretudo elevação da pressão arterial e angina. Fica claro, portanto, que sobram motivos para que todos, fumantes e não fumantes, participem do Dia Mundial de Combate ao Tabaco.

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