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Sitiantes vão ao MPF cobrar intervenção contra as invasões

19 Mar 2016 - 06h00
Sitiantes chegam ao Ministério Público Federal para reunião com o procurador da República. - Crédito: Foto: Hedio FazanSitiantes chegam ao Ministério Público Federal para reunião com o procurador da República. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Sitiantes vizinhos à Reserva Indígena de Dourados e que tiveram as propridades invadidas por índios nos últimos dias, foram recebidos ontem pelo procurador da República, Marco Antônio Delfino. A audiência aconteceu na sede do Ministério Público Federal (MPF) e a imprensa teve autorização apenas registrar os a reunião antes do início. Os sitiantes foram cobrar do MPF a instauração de inquérito para apurar a ações de índios, servidores públicos e ONGs nas invasões de propriedades vizinhas à Reserva Indígena. Eles também pediram a adoção de medidas para garantir a integridade física dos moradores, já que alguns indígenas estariam ameaçando invadir e saquear as pequenas propriedades rurais.


Eles informaram ao procurador da República que 15 propriedades estão ocupadas hoje nas imediações da Reserva Indígena. Antes do início da audiência, as sitiantes Maria das Graças e Rosângela dos Santos, que moram no sítio Boa Terra, relataram o terror que estão vivendo. "A gente permanece nas casas, porém estamos vivendo sob tensão e terrorismo, já que o indígenas rondam o sítio com facão, foice e com estacas estão demarcando terras, inclusive da família", conta Rosãngela. "A gente não deixa a casa sozinha por medo de saque, como fizeram em propriedades vizinhas", completa Maria das Graças.


A sitiante Vanilda Alves revela que teve que sair às pressas com a família no dia 7 de março, quando o sítio foi invadido. "A minha propriedade foi transformada em uma espécie de base dos invasores", lamenta. "É lá que os índios invasores fazem reunião e traçam estratégias, em meio a minha casa, que foi depredada e saqueada", completa Vanilda.


O sitiante Antônio Carlos revelou que teve um bezerro furtado na noite desta quinta-feira. "A gente continua na casa, mas também é vigiado pelos invasores, que rodeiam o sítio e montaram barracos bem próximo a propriedade", explica. "Minha família está assustada, com medo de permanecer no local, mas não temos para onde ir e seguiremos lutando pela nossa propriedade", ressalta Antônio.


Ao deixar a reunião com o procurador da República, o produtor rural Gino Ferreira disse que a audiência foi importante para que o representante do Ministério Público Federal tivesse a real noção do que está ocorrendo hoje no entorno da Reserva Indígena de Dourados. "O procurador afirmou que iria neste sábado ao local para conversar com os invasores e pacificar essa questão", relatou Gino Ferreira. "Ele disse ainda que iria pedir ao Poder Judiciário a determinação de uma operação conjunta entre Polícia Militar e Polícia Federal para garantir a segurança ostensiva dos índios e dos moradores, já que existe, inclusive, risco de confronto entre os próprios índios.


Anteontem, o capitão da Aldeia Bororó, Gaudêncio Benitez, o vice-capitão da Aldeia Jaguapirú, Silvio de Leão, e o presidente do Conselho Indígena da Aldeia Bororó, Silvano da Silva Duarte, procuraram o Ministério Público Federal para denunciar que o grupo de índios que invadiu diversas propriedades particulares nas imediações da Reserva Indígena de Dourados, agora ameaçam invadir a própria Aldeia Bororó. "A gente não concorda com as ocupações que esse grupo está fazendo, mesmo porque os líderes não são da reserva, são professores, funcionários públicos e até de outras etnias", enfatiza Gaudêncio Benitez. "A gente estava só observando esse momento até anteontem, quando esse grupo tentou invadir as terras da Aldeia Bororó, ameaçando expulsar as famílias e agredindo verbalmente as mulheres", completa o capitão.


Segundo as lideranças, a situação está muito crítica e o confronto entre os próprios índios é iminente. "Um grupo de mais de 100 índios que moram na Aldeia Bororó está se amando com facão e foice para se defender desse grupo que agora ameaça invadir as terras dos próprios índios", denuncia Silvano da Silva Duarte.

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