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Sem-teto e Guarda entram em confronto durante desocupação

22 Mar 2016 - 06h00
Ocupantes das áreas entraram em conflito com a Guarda, colocaram fogo nas áreas e atiraram pedras. - Crédito: Foto: Marcos RibeiroOcupantes das áreas entraram em conflito com a Guarda, colocaram fogo nas áreas e atiraram pedras. - Crédito: Foto: Marcos Ribeiro
Grupo de sem-teto foi expulso na tarde de ontem de três áreas da prefeitura na região do Clube Indaiá, ao lado do condomínio Morada Dourados. Um trator derrubou dezenas de barracos erguidos ontem mesmo. Os invasores colocaram fogo nas áreas, até então tomada de capim e foi preciso a Guarda disparar tiros de festim para assustar os ocupantes, já que eles resistiam em deixar os locais e passaram a atirar paus e pedras contra os agentes.


A ocupação teve início no domingo, com a roçada do matagal. Os invasores chegaram a dividir os lotes em tamanho popular, de 200 metros quadrados. Juntas, as três áreas medem 13 mil metros quadrados e ficam localizadas numa região de expansão imobiliária. Por se tratar de área da prefeitura, não foi preciso entrar com reintegração de posse na justiça e a Guarda Municipal foi acionada para fazer a desocupação.


"Como é uma área da prefeitura temos que manter a ordem do local e, a partir de agora, vamos fazer ronda para tentar evitar nova invasão", disse o diretor operacional da Guarda, Térsio Carvalho. A decisão de derrubar o que havia pela frente foi tomada em razão de só haver barracos no local.

Nova ocupação


Embora tenham sido expulsos das áreas, os ocupantes prometem resistir e declaram que vão voltar aos locais. "Precisamos de um lugar para morar e agora que toda a área foi queimada pelo fogo, ficará ainda mais fácil montar barracos", disse o cortador de árvores José Anízio dos Santos, um dos coordenadores da ocupação.


A área onde ele estava, a maior, já havia sido demarcada ontem mesmo pela manhã, antes da desocupação, e sem espaço para mais ninguém. "São pessoas conhecidas, trabalhadoras e que não têm condições de adquirir uma casa própria por financiamento", declarou.


O pintor de paredes, José Francisco dos Santos, chegou a demarcar seu lote. Pai de nove filhos, ele vive de aluguel e está inscrito há quase uma década para participar do sorteio de casas populares da prefeitura. "Já perdi a esperança de ser contemplado. Só quero um espaço para morar com minha família, um canto que seja nosso", afirma.


Próximo a ele estava o lote demarcado pelo pedreiro Darlan Fernandes, pai de três filhos. Ele mora com a família na casa da mãe e sonha ter um espaço só dele. Também cadastrado no sorteio de casas da prefeitura, diz que a ocupação do terreno foi uma medida adotada na tentativa de conquistar o terreno. "Se eu conseguir eu mesmo construo a minha casa", finaliza.

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