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Sem coleta de lixo, aldeias têm surto de dengue

16 Fev 2016 - 07h00Por Do G1
Prefeitura de Dourados fez mutirão  dentro da reserva indígena. - Crédito: Foto: CCZPrefeitura de Dourados fez mutirão dentro da reserva indígena. - Crédito: Foto: CCZ
Sem coleta do lixo, as aldeias de Dourados registram surto de dengue. De acordo com dados das unidades de Saúde da Reserva, foram 23 notificações em 2014 contra 789 em 2015, cerca de 33 vezes mais casos entre um ano e outro. Somando em porcentagem daria mais de 3.000% de crescimento.


O médico Zelik Trajber, que atua na estratégia da família nas aldeias há mais de 15 anos, diz que a situação ficou mais crítica no final de 2015. “Foi o pior ano em termos de aparecimento da doença. Em setembro foram 22 registros, contra 91 em outubro, 306 em novembro e 300 em dezembro”, destaca.


Zelik diz que a falta de coleta de lixo domiciliar na Reserva é um dos grandes influenciadores para que a doença se alastre. “Geralmente o morador é obrigado a enterrar ou queimar o lixo que produz diariamente. As vezes os materiais ficam expostos por vários dias até acumular uma grande quantidade para enterrar numa vez só. São co-pinhos, latinhas e uma série de materiais que acumulam água e são risco de proliferação do mosquito”, explica.


Outra preocupação é que como o desabastecimento de água é constante, muitas famílias guardam água em recipientes em casa, o que, segundo Zelik também é uma atividade de risco para a proliferação do mosquito, mas única alternativa da comunidade em ter água potável em épocas de escassez.


O médico diz que as equipes de estratégia da família passam regularmente em todas as casas na reserva orientando sobre o combate a dengue, mas acredita que o poder público poderia olhar com mais atenção a comu-nidade, resolvendo a questão do lixo, que é um risco de saúde pública não só dentro das aldeias. “Dentro da reserva existem mais de 15 mil moradores. Imaginem o que não produzem de lixo que não é coletado?”, indaga, observando que os postos de saúde da Reserva estão lotados com pacientes com sintomas da dengue.


De acordo com Zelik, até 2014 não havia registros de dengue na Reserva. Ele acredita que uma das possibilidades é a de que até então os mosquitos na Reserva não estava infectados. “A população indígena tem um trânsito diário na área urbana da cidade, já que muitos se deslocam para o trabalho. A infecção na cidade pode ter contribuído para que o vírus da dengue ganhasse força na Reserva”, supõe.

Mobilização


O Observatório de Direitos Indígenas Regional do MS (ODIN) fez uma grande mobilização no último sábado com pais e alunos da Escola Municipal Agostinho. De acordo com o assistente de mobilização social da entidade, Kenedy Souza Moraes, a ação foi o ponta-pé inicial para novas ações que a Odin realizará na Reserva em combate a dengue. Ele diz que pelo menos 300 pessoas foram mobilizadas para o trabalho de visitas domiciliares orientando os moradores sobre os cuidados que se deve tomar em relação a limpeza dos quintais.

Mutirão


O Centro de Controle de Zoonoses de Dourados iniciou ontem mutirão na Reserva de Dourados e continua hoje. De acordo com a coordenadora do CCZ, Rosana Alexandre da Silva, estão sendo visitados milhares de domicílios. Também serão implantadas 12 caçambas em locais estratégicos para que a população possa destinar o lixo doméstico e este ser recolhido pela Prefeitura. Esta atividade será feita apenas no período da cam-panha e portanto, a coordenadora explica que sem as caçambas os moradores devem enterrar ou queimar o lixo diariamente para que não haja acúmulos de água.

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