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Concessão

‘Sanesul deve se comprometer com o Rio Dourados’

09 Jun 2016 - 07h00
Arquiteto e Urbanista Luiz Carlos Ribeiro diz que projeto deveria incluir ações em favor do meio ambiente, principalmente quanto ao Rio Dourados e seus afluentes - Arquiteto e Urbanista Luiz Carlos Ribeiro diz que projeto deveria incluir ações em favor do meio ambiente, principalmente quanto ao Rio Dourados e seus afluentes -
O arquiteto e urbanista Luiz Carlos Ribeiro, presidente da Ong "Salvar", disse em entrevista ao O PROGRESSO que o projeto de autoria do executivo, aprovado sob protestos na noite da última segunda-feira em primeira votação, deveria comprometer a Sanesul a desenvolver ações em favor do meio ambiente, principalmente quanto ao Rio Dourados e seus afluentes. "O assoreamento do Rio Dourados, de onde a Sanesul retira parte da água para o município, avança e compromete a sobrevivência do Rio", diz.


Três vereadores queriam discutir melhor o Projeto de Lei de Nº 058/2016 que autoriza a Sanesul a continuar explorando o serviços de água e esgoto em Dourados por mais 30 anos. "O assoreamento é decorrência da escassez de mata ciliar às margens do rio. Desmatou-se de forma desmensurada e o que chama a atenção nesta história é o fato da Sanesul vender a água do Rio Dourados; é isso que faz, tira a água de lá, trata e vende. Ela não está dando nada de graça para ninguém. Ora, se a água é a matéria prima, porque não trata dessa jazida. Eu não vi, até hoje, a Sanesul plantar um pé de árvore na beira deste rio. Eu acho que essa na minha avaliação que pode ser negociada, uma tratativa mais séria, de compensação, um Termo de Ajustamento de Conduta na aprovação desta lei propriamente dita e porque não constar da lei uma série de coisas que podem ser cobradas da Sanesul e que na minha avaliação ela tem a obrigação de fazer já que vende essa água. No ensejo desta discussão esse termo de concessão deve ser feito mas tem que ter uma contrapartida da empresa".


Luiz Carlos Ribeiro também critica a forma com que essa discussão vem sendo encaminhada. "Eu tenho uma opinião contrária sobre a forma com que esse assunto vem sendo encaminhado. Primeiro, eu acho que concessão de 30 anos é muita coisa, são três décadas e nesse ínterim muita coisa pode acontecer. Segundo, eu acho que simplesmente fazer uma concessão sem ter uma contrapartida de ordem ambiental é muito complicado, principalmente para uma empresa que vende água do Rio Dourados, vende água que sai dos aqüíferos, que sai de poços sem dar uma tratativa neste caso da manutenção destes lençóis de água, do próprio Rio Dourados, eu acho que tem que ter uma contrapartida nisso", diz.

Ele foi mais longe dizendo que acha estranha a necessidade desta aprovação ser agora e não em 2019, quando vence o contrato entre a prefeitura e a empresa de saneamento. "Eu acho estranho essa coisa ser votada assim. Uma coisa que me parece fundamental hoje, além do Rio Dourados evidentemente, nós temos um afluente do Rio Dourados o Curral de Arame que deságua a mil e poucos metros, um quilômetro e meio da onde é captada a água que vem para nossa caixa; é uma área que está sendo explorada agora, que vai ser urbanizada e esse córrego é fundamental, qualquer coisa que jogar ali dentro vai parar na nossa caixa e a gente já está falando isso faz tempo, mas eu não vi até agora nenhuma atitude no sentido de refazer sua mata ciliar para segurar isso, para manter esse córrego que é o primeiro afluente dentro da área urbana no Rio Dourados e que deságua a montante da estação de tratamento de água. É uma exigência que o município pode e deve fazer", conclui o urbanista.

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