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Editorial

Referência mundial

28 Jun 2016 - 06h00
Referência mundial -
A Operação Lava Jato com toda certeza vem se consolidando como uma das mais maiores já realizadas no mundo. O escândalo já é o maior e consequentemente o esquema de investigação montado para combater a sequência de atos criminosos já é tão grande que ultrapassa todas as fronteiras do Brasil. Trata-se de um esquema criminoso mundial que "limpou" os cofres da Petrobras, uma estatal que na realidade se tratava de uma mina de dinheiro. A Operação Lava Jato é tão gigantesca que não tem data para terminar e não se sabe como vai terminar. A cada dia um novo desmembramento, a cada dia etapas diferentes de um escândalo infinito. Até mesmo entidades internacionais já admitem que o Brasil vem dando exemplo através desta operação. O presidente da Transparência Internacional, José Carlos Ugaz, disse em Curitiba, que a organização pretende instalar um centro de análise anticorrupção no Brasil e que a inspiração foi a Operação Lava Jato. Pela dimensão trata-se realmente de uma operação tendente a internacionalização. O interessante é saber que o Brasil está virando referência mudial no combate a corrupção. O último relatório apresentado colocou o país na 76º posição em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo, 168 países e territórios integram o levantamento.


"O Brasil é um país muito relevante na região, um país importante para o mundo. Nós estamos muito interessados no resultado do que está passando aqui", afirmou Ugaz após sair de uma reunião com o juiz Sérgio Moro, que é responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância.


"É um caso que ultrapassa a fronteira do Brasil, há muitos países da região onde as empresas estão incorrendo em práticas de corrupção", argumentou José Carlos Ugaz.


A Transparência Internacional é uma ONG considerada referência mundial na análise da corrupção. A intenção é estabelecer uma equipe de trabalho no Brasil, para posteriormente apresentar uma proposta de combate à corrupção.


Um dos mecanismos seria o Sistema Nacional Anticorrupção (SNAc), que possui uma metodologia própria da Transparência Internacional, e poderia ser a via de troca de experiências de boas práticas contra a corrupção desenvolvidas pelo mundo.


"Queremos que a informação seja processada, tem que haver reformas. O problema da corrupção em países como o Brasil e muitos países da região, é que é uma corrupção sistêmica, estrutural."
Operação Lava Jato, que hoje serve de referencia para o mundo é uma investigação sempre em andamento realizada pela Polícia Federal, cuja fase ostensiva foi deflagrada em 17 de março de 2014, com o cumprimento de mais de uma centena de mandados de busca e apreensão, de prisões temporárias, de prisões preventivas e de condução coercitiva, tendo como objetivo apurar um esquema de lavagem de dinheiro inicialmente suspeito de movimentar mais de R$ 10 bilhões de reais, podendo ser superior a R$ 40 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões em propinas. A Polícia Federal a considera a maior investigação de corrupção da história do país. De acordo com as delações recebidas pela força-tarefa da Lava Jato, estão envolvidos os partidos PP, PT e PMDB, empresários e outros políticos de diversos partidos.


Sérgio Moro é o juiz responsável pela Operação Lava Jato. Porque Lava Jato?. A operação recebeu esse nome devido ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis pela quadrilha para movimentar os valores de origem ilícita, supostamente desde 1997. A delegada da Polícia Federal Erika Mialik Marena foi quem deu esse nome.


A denúncia inicial partiu do empresário Hermes Magnus, em 2008, quando o grupo de acusados tentou lavar dinheiro na sua empresa Dunel Indústria e Comércio, fabricante de máquinas e equipamentos para certificação. A partir da denúncia inicial, foram empreendidas diligências investigativas que culminaram com a identificação de quatro grandes grupos criminosos, chefiados pelos doleiros Carlos Habib Chater, Alberto Youssef, Nelma Mitsue Penasso Kodama e Raul Henrique Srour. No curso da investigação identificou-se ainda que Alberto Youssef havia adquirido um veículo Range Rover Evoque para Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Colheram-se ainda indícios iniciais de pagamentos indevidos realizados por empresas vencedoras de contratos na RNEST (Refinaria Abreu e Lima) para o doleiro Alberto Youssef.

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