Apoderados desse histórico de rivalidades e contradições políticas, militantes e dirigentes petistas, entre atônitos e agônicos, expuseram suas contrariedades no Encontro convocado em caráter extraordinário para deliberação e definição de rumos para essa eleição extemporânea -vale frisar que no PT todas as decisões são tomadas a partir de Plenárias- e contrários a esse surpreendente casamento eleitoral perderam no voto democrático, mas mesmo em posição minoritária e derrotados, continuam aferrados à tese de candidatura própria.
Por mais lidima que seja essa proposta, não é aceitável os extravasantes protestos e as extrapolações desenvolvidas por esses militantes com vistas a reverter essa situação. Respeitando sempre o ponto de vista de cada um, mas em respeito principalmente ao resultado soberano do Encontro, que decidiu apoiar a candidatura do empresário Murilo Zauith, não apenas em consonância regimental e disciplinar, mas por convicção, acredito que esse foi o melhor caminho para o PT e sobretudo para a cidade de Dourados.
A singularidade dessa eleição, criou as condições para se promover um realinhamento político no Mato Grosso do Sul. Dourados necessitava de uma saída honrosa e de um desfecho político satisfatório para a crise em que foi vitima. Além da grave situação político e institucional que enfrenta e do abalo ético que sofre, foi amplamente prejudicada nas articulações e nos resultados gerais das eleições passada, apesar da boa presença do município no contexto geral da disputa, e de projetar figuras políticas como Tatiane Ujacow (vice do Zeca) e de um elogiável desempenho (apesar do boicote dos aliados) da candidatura de Murilo ao Senado, a cidade de Dourados como o segundo município do estado ficou órfã e alijada da grande política estadual.
O acerto dessa aliança poderá servir para ultrapassar barreiras e quebrar os preconceitos e o isolamento que hoje estão submetidos boa parte dos partidos políticos em Mato Grosso do Sul, impedidos de promoverem o dialogo entre si, fundamentalmente por razões relacionadas com as diretrizes nacionais, PPS, PSDB , DEM e o próprio PT se tornaram presas fáceis de um monopólio de poder exercido pelo PMDB Estadual, que explora ao máximo a existência desse conflitos restritivos para ditar as regras do jogo, provocando um desequilíbrio político nas relações de poder em nosso estado, um axioma cujos resultados eleitorais falam por si.
A política começa no município, é feita nas cidades, distritos, povoados, por gente de carne e osso, alma e consciência e geralmente tendo como pauta e demandas reivindicatórias dos cidadãos, temas relacionados ao cotidiano das pessoas: saúde, educação, limpeza das ruas, política cultural que contemple os artistas locais, escoamento da produção mantendo as estradas vicinais em bom estado, por exemplo.
Não existe uma pauta envolvendo temas mais complexos como salário mínimo, juros, reforma agrária, privatizações, ou seja, afeitas a superestrutura (visão Marxista) de poder, palco maior de disputas ideológicas e onde realmente devemos influir, superestimar essa aliança em Dourados, dando a ela um caráter de relevância vital e profetizando um quadro apocalíptico para o futuro do PT, é não perceber essas diferenças gritantes.
Obsolescências à parte, todos sabem que Murilo sempre foi tolhido e podado na maior parte das vezes que se aliou ao PMDB estadual, sua decepção é do tamanho de sua ousadia, se alia ao PT, e estabelece uma parceria nova para restaurar administrativamente a cidade de Dourados.
Após duas vitórias consecutivas de um operário e de forma histórica ter eleito uma mulher para o comando do País, cabe ao PT espelhar-se na própria Dilma, que em seu discurso de posse, sem fingimento ou hipocrisia, mas com maturidade e firmeza, acenou com gestos de boa vontade às oposições, colaborando assim para distensionar o quadro político brasileiro.
A recente campanha presidencial foi travada de forma belicosa, beligerante com a oposição adotando métodos, discursos e comportamento impregnados de racismo, xenofobia e intolerância, e para perplexidade geral, flagrantes agressões e manifestações de fanatismo religioso, tais praticas e atitudes condenáveis foram rejeitadas e derrotadas pela sociedade.
Cabe às oposições, ou parte dela- o DEM foi que mais perdeu- compreender as dimensões históricas dessa derrota. As nossas mãos estão estendidas, não é um ato “politiqueiro” de campanha é um ato verdadeiro de quem ama Dourados, Mato Grosso do Sul e o Brasil.
Marcos Alex Azevedo de Melo- o Alex do PT- 49 anos, historiador, 1° Suplente de Vereador Câmara Municipal de Campo Grande-MS.