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Indígenas

Produtores aguardam retirada dos índios de áreas ocupadas

18 Jun 2016 - 06h00
Secretário de segurança Barbosinha recebeu ruralistas e procurador do MPF. - Crédito: Foto: Hedio FazanSecretário de segurança Barbosinha recebeu ruralistas e procurador do MPF. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Produtores rurais de Caarapó aguardam a retirada dos indígenas que ocuparam cerca de 10 propriedades na cidade de Caarapó, todas vizinhas a aldeia Tey Cuê. O clima ainda é tenso na região. Ninguém entra ou sai das áreas, cujas estradas foram fechadas por centenas de índios que se revezam para impedir a passagem. Eles estão armados com foices, arcos e flexas.


Na manhã de ontem ocorreu uma reunião em Dourados entre o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, o deputado estadual Zé Teixeira, o procurador da República Marco Antônio Delfino e produtores rurais, representado pelo presidente interino do sindicato rural de Caarapó, Carlos Eduardo Macedo Marquez, o Cacá.


Os ruralistas cobram uma posição firme do estado, para evitar que mais áreas sejam ocupadas. O secretário Barbosinha disse ao O PROGRESSO que o estado irá agir com imparcialidade, porém não irá tolerar o descumprimento da lei. "Não assumimos nenhuma parte neste conflito, porém não podemos aceitar que mais áreas sejam ocupadas, para evitar novos conflitos", disse à reportagem após o término da reunião.


Barbosinha informou que o estado tem feito a sua parte, tanto que enviou tropa de policiais à área de conflito para manter a ordem e à segurança. "Não podemos manter a ordem enquanto houver indígenas que acreditam que as ocupações podem se estender para demais propriedades. Por isso acreditamos no diálogo e isso estamos mantendo com a Funai e o Ministério Público para que eles possam auxiliar a evitar novas ocupações", reiterou. O secretário, que também é advogado, orientou os produtores a entrar com medida de reintegração de posse na justiça, única forma de garantir a saída dos indígenas do local. Também informou que o estado manterá diálogo com os indígenas no sentido de evitar novas ocupações.


O presidente do sindicato rural, Cacá, acredita que o estado possa conseguir impedir o avanço nas ocupações. "Durante a reunião, o procurador Marco Antônio ainda nos informou que também manterá contato com os indígenas, para fazer com que eles permaneçam apenas na fazenda Ivu e deixem as demais áreas", contou à reportagem. "Agora vamos esperar essa desocupação nos próximos dias".


O sindicato denuncia quebra-quebra nas propriedades por onde os indígenas passaram. Gado foram saqueados e maquinários depredados. Alguns produtores conseguiram, com o apoio do MPF e da Funai, retirar alguns maquinários e animais das fazendas. Eles abandonaram as residências com as ocupações.


A invasão de áreas começou na noite de domingo, na Fazenda Ivu, resultando num conflito na terça-feira e na morte de um indígena e outros seis feridos. Cacá nega que produtores efetuaram tiros, porém os indígenas acusam que os disparos partiram dos ruralistas.


As ocupações podem ter iniciado com a publicação de uma portaria da Funai, no mês passado, de estudo antropológico de uma área de 55,5 mil hectares que compreende os municípios de Amambai, Caarapó e Laguna Carapã. De acordo com a Funai, os Guarani Kaiowá que viviam na região foram forçados a sair do local por volta de 1822, quando a produção de erva mate e a chegada de colonos gaúchos intensificaram o processo de expropriação dos territórios tradicionais e de expulsão das comunidades indígenas.

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