
As várias manifestações populares ocorreram em um clima pacífico. Ademais disso, em nenhuma fase da nossa vida política e institucional, mesmo as mais delicadas que o nosso povo protagonizou teve esse tipo de desfecho. O nosso país foi o único no conjunto dos demais que formam o nosso continente a conquistar sua independência política sem derramamento de sangue.
A insurgência de algumas poucas províncias de então contra a nossa emancipação política não conseguiram inclinar o nosso povo para essa ira condenável. A Monarquia foi a forma de governo escolhida. Sob a sua égide vivemos durante quase meio século sem nenhum tipo de violência. Quando ela caiu para fazer surgir a República a mudança não trouxe nenhum tipo de violência que provocasse o confronto com os nossos nacionais. Basta apenas constatar que o nosso Imperador D. Pedro II ao subir ao poder ainda criança tinha o respeito e o amor grande dos nossos nacionais, seus súditos. E mesmo com a sua deposição não existiu em nosso território nenhum movimento inclinado para os atos de guerra civil.
Ao longo do período republicano, assistimos o existir da República velha, da República nova e da Nova República, inaugurada com Tancredo Neves e em nenhum momento assistimos tal cometimento. A Revolução de 1.930, que levou Getúlio Vargas ao poder não teve confronto entre os nacionais. Nem com a sua deposição em 1.945, tampouco, quando colocou fim à sua própria vida na noite triste, de 24 de agosto de 1.954. A Revolução de 1.964 que tirou do poder João Goulart, governante legitimamente eleito, também não registrou nenhum episódio nessa direção. E Jango não chegou à presidência da República na garupa de Jânio Quadros, que renunciou ao cargo eletivo de presidente da República. Nada disso. Ele recebeu o sufrágio como candidato a vice-presidência da República e resultou eleito em uma eleição igualmente livre e democrática.
Nesse momento delicado da vida nacional poderia ocorrer uma guerra civil entre irmãos. Mas o próprio Jango, que tinha o apoio de alguns comandantes militares para se preservar no poder, não quis o confronto com os seus irmãos. Preferiu o exílio. Assim vivemos sob a égide da Monarquia e depois da República. Já vivenciamos o Parlamentarismo e o Presidencialismo. E em nenhum desses momentos políticos tivemos tal tipo de ocorrência. Isso demonstra o espírito do nosso povo que só deseja viver em paz e colaborar com outros tantos povos, ao redor do mundo, a também encontrar pelo meio do diálogo, da compreensão, do respeito que precisa existir entre governantes e governados, especialmente nos momentos delicados que passa a nação, o seu caminho de progresso e de bem estar.
Os estrangeiros, sobretudo, são unanimes em afirmar que o nosso país é o pai, a mãe, o avô e o bisavô do mundo inteiro pela mansidão do seu povo, pela força de seus trabalhadores, pelas suas preciosas riquezas naturais, pelo valor, e pela força do seu empresariado, pela inteligência de seus intelectuais, pela alegria contagiante de seu povo, mas especialmente pela forma sempre generosa em recebê-los. Com esse retrospecto maravilhoso que só embeleza as várias fases da nossa vida politica e institucional junto ao concerto das nações civilizadas temos a clarividência necessária que o nosso povo não cometerá esse desiderato em mais essa quadra tormentosa que estamos passando nas áreas da economia e da política e haverá de encontrar o seu caminho de paz dentro da Constituição.
Promotor de Justiça aposentado. e-mail: [email protected]