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Na verdade, foi assim que aconteceu

18 Dez 2015 - 11h59
Na verdade, foi assim que aconteceu -
José Alberto Vasconcellos

No jornal, (Progresso, edição de 23.04.2009), lemos: “Cobiçado. Situação política confortável vive hoje o prefeito Ari Artuzi (PDT) paparicado por André Puccinellli (PMDB) e Zeca do PT. Ao primeiro deve respeito porque o governador tem o dinheiro e a caneta na mão e tocar uma prefeitura sem apoio do Estado é complicado. Os mais antigos lembram da “pedreira” que o falecido Luiz Antonio Gonçalves passou nas mãos do governo Wilson Martins por não ter aderido.” (sic). Nosso o destaque em negrito.


Como um dos “mais antigos”, tenho que retificar a notícia do colunista. Na verdade o prefeito Luiz Antonio, eleito com o apoio do Engº José Elias Moreira, não poderia nunca “aderir” ao governo de Wilson Barbosa; seria grossa traição contra aquele que o fez prefeito. Mas agiu o tempo todo do seu mandato como homem público civilizado, administrando interesses e fazendo o melhor pelo município.


Luiz Antonio, durante seu mandato, teve três governadores: Wilson Barbosa Martins, que renunciou para concorrer ao Senado; Ramez Tebet que o sucedeu como vice; e como o seu mandato era de seis anos, teve, ainda, como governador Marcelo Miranda.


Em 1.985, em pleno governo de Wilson Barbosa, ao comemorar os 50 anos da emancipação política de Dourados, numa publicação gigantesca, tamanho 29 x 29 centímetros e 36 páginas, o prefeito Luiz Antonio, mostrando sua grandiosa e incontestável realização administrativa, assim resumiu: “Em cada dia se vislumbram novos horizontes, se renovam as esperanças, se atingem novos objetivos.” Estava feliz!


É fato público e notório, dispensando explicações, que Wilson Barbosa que tomara posse em janeiro de 1.983 e permaneceu no governo do estado por três anos e dois meses, foi, junto com o saudoso Luiz Antonio, o maior “prefeito conjunto” desta cidade de Dourados.


O governador Wilson Barbosa construiu em Dourados o prédio do fórum que você conhece, na esquina das ruas Pres. Vargas e Onofre P. de Matos; --construiu o Estádio de futebol – que por justiça deveria levar o seu nome, (O Dr.Pedro só colocou a iluminação e lascou o seu nome na entrada); --construiu o prédio da junta comercial e comprou dois prédios: um para a receita estadual e outro para a delegacia da receita estadual; --construiu seis (6) escolas na zona urbana da cidade; --construiu a Delegacia do 1º distrito policial; -- asfaltou a rodovia que vai de Dourados a Caarapó; -- construiu a duplicação da Av. Marcelino Pires no trecho Ubiratã até o trevo do frigorífico Seara; --construiu a adutora do Rio Dourados que resolveu de vez o problema da água na cidade de Dourados; asfaltou o Parque de Exposições João Humberto de Carvalho; e mais um volume de obras impossível de enumerá-las aqui. Acompanhei todo o processo como Procurador-Regional do estado, durante o governo do Dr. Wilson, de Ramez Tebet e parte do governo de Marcelo Miranda. Fui testemunha visual dos acontecimentos.


Ramez Tebet mandou corrigir o projeto e a obra de iluminação da Av. Weimar Torres (super postes), sistema implantado ainda na administração do Zé Elias. Pronta a correção da obra, mandou ativá-lo na sua presença. Eu estava lá!


Marcelo Miranda construiu o residencial “Isidro Pedroso”. Doou as escrituras para os proprietários de terrenos nos Parques das Nações I e II Planos, depois que o vereador José Alberto Vasconcellos, com o concurso do Ministério Público(Dr.Wagner Crepaldi, então Procurador-Geral da Justiça) resolveu o problema da escrituração que já se arrastava por mais de dez anos, alimentado pela incompetência e o interesse político escuso. Estive na inauguração do “Isidro Pedroso” e na entrega das escrituras.


Tudo isso aconteceu durante os seis anos da administração do nosso querido e saudoso Luiz Antonio, que havia sucedido o Engº José Elias Moreira, que renunciara o mandato para concorrer ao governo do estado contra Wilson B. Martins, incentivado pelo Dr. Pedro Pedrossiam, deixando a prefeitura sob o comando do Dr. José Cerveira.


Wilson Barbosa venceu José Elias e o derrotado tornou-se empresário no ramo das comunicações: rádio e televisão. Os seis anos da administração Luiz Antonio foram tranqüilos e produtivos, testemunho o fato como vereador que fui, durante seus últimos dois anos de governo.


De tudo, aflora uma pergunta: onde o governador Wilson Barbosa conseguiu tanto dinheiro, para executar tantas obras, em tão pouco tempo?


Quem responde é o Dr. Pedro Pedrossiam, em seu livro “O Pescador de Sonhos”, do qual possuo um exemplar autografado e com extensa dedicatória, vejamos: “Os fatos não ocorreram como fora tratado. Fragelli (o senador José Fragelli, de Aquidauana) se juntaria então aos senadores Derzi (Rachid Saldanha Derzi, de Ponta Porã) e Canale (senador Antonio Mendes Canale, de Campo Grande), chegaria à Presidência do Senado, quando então só concordou em aprovar o empréstimo de duzentos milhões de dólares para o Estado, desde que não fosse liberado um só centavo para o meu governo.” “Meu sucessor, Wilson Martins, que recebeu os duzentos milhões de dólares, bateria sempre na tecla de que sucedera um governo endividado. Estranhos caminhos trilha a história para um dia chegar fatalmente à verdade, que jamais faltará.” (“O Pescador de Sonhos”, pág. 222). As notas explicativas sobre os senadores e o destaque em negrito são meus. Não entro no mérito do texto lavrado pelo Dr. Pedrossian em seu livro.


O nosso querido, respeitado e saudoso Luiz Antonio Álvares Gonçalves, pessoa de fino trato e cumpridor da palavra empenhada, executou uma administração profícua, com os pés no chão e muito respeito aos munícipes contribuintes. Teve a sorte de contar com o Dr. Wilson ao seu lado. O governador vinculado ao PMDB, (o Luiz Antonio estava filiado na ARENA, partido que cassou os direitos políticos do governador por dez anos) não praticou nenhuma “vendetta”; com elevado espírito público, o governador Wilson Barbosa, fez o que pode por Dourados e pelo estado no todo.


O governador deixou claro com seu trabalho, que terminadas as eleições, restava tão só atender as aspirações do povo, e colaborar, decididamente, com quem estava empenhado na mesma missão. O Dr. Luiz Antonio estava!


Luiz Antonio trabalhou até o último dia da sua vida, diferentemente de outros prefeitos que iniciaram a carreira como “espantadores de urubu” em terreiro de carne seca e acabaram como donos do frigorífico.


Faço, como dever de ofício, justiça à conduta administrativa do Dr. Wilson Barbosa Martins que, aliás, não deixa de ler nenhum dos meus escritos.


Ao saudoso amigo Luiz Antonio, In memoriam, rendo-lhe aqui as homenagens de estilo e confesso o meus respeito ao seu trabalho.



“Pedreira?” Bem, assunto ligando conhecido político a pedreira, a gente tem ouvido (?!).



Na verdade, foi assim que aconteceu.

Este artigo-documento está publicado no meu livro ‘Fadas, Raposas e Lobisomens”, editado em 2010, à pág. 212 E ss., Como é uma página da história de Dourados que faz justiça ao prefeito Luiz Antonio Alvares Gonçalves, seria justo publicá-lo na Edição Especial dos 80 anos de Dourados. De lembrar-se, ainda, que no meu último livro: “O choro dos Anjos” há referencia à história de Dourados com documentos, relacionados ás terras, a emancipação politica, o predio da primeira prefeitura e a posse do primeiro prefeito, págs. 125 Até 135. Essa pesquisa que fiz, consolida nossa história e, se aproveitada, seria bem esclarecedora e útil para afastar de vez algumas estórias indigestas, recheadas de sofismas.


Bacharel em ciências jurídicas e sociais. Membro da Academia Douradense de Letras. e-mail: [email protected]

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