
Em Dourados a realidade não é diferente. Com cerca de 15 agentes por plantão, o Presídio Estadual de Dourados tem 2.450 detentos; uma média de um agente para cada 163 presos. Enquanto seriam necessários mais de 400 agentes por plantão o que totalizaria 1.600, Dourados conta com um total de 60 na Máxima. Seguindo esta regra, o déficit é de mais de 1.5 mil profissionais no presídio. No Regime Semiaberto, são cinco agentes penitenciários por turno quando a quantidade ideal seria de pelo menos 14 nestes períodos, segundo o Sindicato. Hoje, apenas cinco agentes cuidam de mais de 400 albergados.
De acordo com o presidente do Sindicado dos Agentes Penitenciários, André Santiago, do ano passado para cá, muitos profissionais se aposentaram, pediram exoneração e até mesmo estão de licença médica devido aos riscos da profissão. "Hoje, 90% dos presídios não têm policiais suficientes para garantir a segurança no local. O agente também não tem nada para se defender, já que faltam equipamentos que já foram pedidos há anos", destaca.
De acordo com André, há um ano o agente Carlos Augusto Queiroz de Mendonça, foi executado a tiros no Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado, mas de lá pouca coisa mudou em relação a segurança dos agentes. "Nós temos 78 agentes preparados para a formação de um grupo de intervenção, mas falta a armamento e regulamentação da profissão. Nós pedimos no mínimo mais 1.7 mil agentes, mas o concurso, além de moroso abriu vagas para apenas 438. Nós temos pedido, cobrado e apresentando a situação caótica que está o sistema prisional de nosso Estado, mas ainda falta boa vontade do Estado", destaca.
### Outro lado
O diretor da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ailton Stropa, disse que apesar das ameaças de rebelião, a situação dos presídios é de tranquilidade. Ele também ressaltou que a briga entre facções em Naviraí em nada teve a ver com a falta de agentes penitenciários. Mesmo assim, Ailton explica que o Estado vem tomando providências importantes para garantir o reforço no efetivo de agentes.
Conforme ele está em andamento o concurso publico que vai formar mais 438 agentes e até o dia 03 de outubro inicia a formação desses profissionais. Paralelo a isto, criou grupo com 78 agentes preparados para a intervenção rápida nos presídios e também está adquirindo materiais e equipamentos. "O total de 10 mil agentes a mais é impossível em qualquer lugar do mundo. É inviável a contratação desse número exorbitante por mais que gostaríamos que fosse possível. O estado tem feito o que pode dentro da lei de responsabilidade fiscal para atender as reivindicações", destaca.