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Motel desativado abriga 10 crianças

07 Jul 2011 - 08h15
Crianças se protegem do frio em prédio abandonada e deteriorado no Jardim Márcia - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSOCrianças se protegem do frio em prédio abandonada e deteriorado no Jardim Márcia - Crédito: Foto: Hédio Fazan/PROGRESSO
Valéria Araújo


DOURADOS - Três mulheres e dez crianças vivem em situação subhumana no Jardim Márcia. O PROGRESSO e o site Douradosagora estão, durante todo o inverno, divulgando casos de famílias sem teto que precisam de ajuda e move campanha em prol destas comunidades, que podem estar bem perto de quem pode ajudar.


Os personagens da vida real mostrados na edição de hoje revelam o sofrimento de três mães para sustentar os filhos. Uma grande família que há doze anos deixou tudo o que tinha em Campo Grande em busca de uma vida melhor em Dourados.

A empregada doméstica Kênia dos Santos conta que foi atraída pelas oportunidades de emprego e moradia. “Na capital, as pessoas carentes ficam cada vez mais distantes e sem auxílio.


Acreditamos que em Dourados a concorrência por trabalho e para conseguir uma casa do poder público seria menor”, revela. A mãe de seis filhos, sendo um bebê de um ano, diz que não consegue emprego fixo. “Vivemos todos dos bicos que fazemos e de doações”, conta.

Quando chegou em Dourados, acreditou que a “invasão” a um prédio destruído, um antigo motel, seria provisório. Não foi. “Me inscrevi há oito anos em conjuntos habitacionais da prefeitura. Cansei de tanto bater à porta do setor de Habitação e sair de lá sem resposta”, reclama.

Segundo ela, sem ter a quem recorrer chegou a escrever cartas para programas de televisão em busca de socorro. “Não sei mais como fazer para dar uma vida digna para minha família”, conta. A falta de vagas em creche obriga a mãe a ficar em casa. “Sempre tem alguém aqui com elas. Para trabalhar, eu, minha mãe e minha irmã, revezamos para cuidar das crianças”, lembra.

A vida da família é sofrida. O cotidiano é marcado por barreiras. Lavar uma louça, limpar a casa ou tomar banho são tarefas difíceis. As crianças nem sempre têm o que comer.

Um cômodo com múltiplas funções. Sempre amontoadas, as crianças dormem, tomam banho e se alimentam em um quarto, que serve de cozinha, banheiro e local de dormir. Não há rede de esgoto. Antes de deitar nos poucos colchões e camas, as mães retiram a água suja que se acumula em um buraco do cômodo. São resíduos da lavagem de louça e do banho. As mães esquentam a água, depositam em um balde e levam para as crianças se lavarem.

O frio é espantado com o calor humano da família, uma vez que faltam agasalhos e cobertores. O matagal atrás do terreno ao lado apresenta perigos. “Lagartos, ratos, aranhas e até cobras invadem a casa. Nossa maior preocupação é com as crianças”, conta.

Quem quiser ajudar esta família pode levar donativos no local em que residem, na Rua Juscelino Kubitschek, número 427, no Jardim Márcia. Interessados em ajudar, com dificuldade de ir até a residência, podem entregar os donativos na sede deste matutino, localizada na Rua Presidente Vargas 447, centro, em frente a Praça Antônio João. Os telefones para contato são: 3416 2600 ou 9617.4976.

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