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Médicos suspendem 24h planos de saúde

05 Abr 2011 - 05h08
Médicos irão suspender atendimento para protestar contra baixa remuneração - Crédito: Foto: Hedio Fazan/PROGRESSOMédicos irão suspender atendimento para protestar contra baixa remuneração - Crédito: Foto: Hedio Fazan/PROGRESSO
DOURADOS – Médicos de todo país irão suspender o atendimento através dos planos de saúde por 24 horas. A mobilização acontece na próxima quinta-feira, 7 de abril, com o objetivo pressionar os dirigentes de planos de saúde por melhor remuneração pelas consultas e procedimentos médicos. Em Dourados, a mobilização já está confirmada.

Nesta data, os atendimentos por convênios ficarão restritos aos hospitais e apenas para urgência e emergência. Nos consultórios, os profissionais prometem atender apenas consultas particulares. O único plano de saúde a manter o atendimento na quinta-feira é a Unimed, afirma o presidente Jamal Nasser Haddad, por tratar-se de uma cooperativa dos próprios médicos. No entanto, a reportagem apurou que alguns especialistas não irão atender na quinta-feira nem mesmo pela Unimed, apenas às consultas particulares.

A mobilização dos médicos na quinta-feira deve agravar ainda mais a situação dos usuários de planos de saúde, já acostumados a longas filas de espera por atendimento. Isto porque, segundo Jorge Luiz Baldasso, delegado do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, muitos profissionais já estão reduzindo o volume de atendimentos através dos planos de saúde.


“Esta decisão cabe ao médico. Ele tem o direito de programar a agenda entre consultas particulares e por convênios”, diz. Segundo ele, se um médico atender apenas por convênios e planos de saúde não consegue nem mesmo bancar os custos para funcionamento de um consultório particular.
#####Baixa remuneração

Hoje, segundo o sindicalista, os planos de saúde pagam um valor ínfimo por consultas que, descontado os impostos, chega ao valor líquido de R$ 12 a R$ 13. No atendimento particular, o valor médio cobrado por consulta varia entre R$ 150 e R$ 200. “O médico é o principal responsável pelo plano de saúde e está sendo desvalorizado. Não é apenas uma questão salarial, mas de falta de respeito com os profissionais e também como usuário”, reclama.

Segundo a Associação Médica da Grande Dourados, o valor pago pelos convênios não é reajustado há pelo menos dez anos – com exceção da Unimed Dourados, que este ano reajustou para R$ 70. “O valor pago atualmente pelos outros planos de saúde está muito defasado”, justifica o presidente da Associação Médica, Antonio Pedro Lucas Bittencourt.
#####Reajuste
Jorge Luiz Baldasso, do Sindicato dos Médicos, reclama que a baixa remuneração desestimula o atendimento pelos planos de saúde. Segundo ele, é cada vez menor o número de profissionais que aderem aos convênios, provocando uma carência cada vez maior de especialistas. “Tem muito médico em Dourados que só atende particular, e com o consultório cheio”, diz ele.

Segundo Baldasso, uma consulta médica não se restringe ao atendimento e inclui uma grande responsabilidade do profissional. “Existe toda uma responsabilidade sobre a consulta, incluindo o diagnóstico da doença e a medicação. Não é um serviço simples como consertar uma geladeira”, compara. “Hoje, os planos de saúde pagam um honorário baixíssimo por um serviço que exige grande responsabilidade e preparo técnico”, acrescenta.

A problemática da baixa remuneração não se restringe às consultas, segundo a categoria. O valor pago por procedimentos médicos também é baixo. A colocação de Dispositivo Intra-Uterino (Diu), por exemplo, é coberta por vários planos de saúde – no entanto, os ginecologistas se recusam a fazer o procedimento pelo convênio por causa da baixa remuneração. Resultado: ou a paciente recorre ao Sistema Único de Saúde (SUS) - com uma fila de espera de pelo menos um ano - ou é obrigada a pagar um valor que pode chegar aos R$ 1,5 mil para realização do procedimento.

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