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Lotado, HU ainda enfrenta epidemia de gripe H1N1

01 Jun 2016 - 17h58
Hospital Universitário defende uma reorganização da rede pública de saúde para conter crise. - Crédito: Foto: Hedio FazanHospital Universitário defende uma reorganização da rede pública de saúde para conter crise. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Superlotado, o Hospital Universitário enfrenta uma epidemia de pneumonia e Sindrome Respiratória Aguda Grave causados pelo virus H1N1. Os casos chegam de toda a macrorregião do Estado composta por 34 municípios. Somente nestes primeiros 5 meses do ano, já foram registradas 33 notificações, 13 casos positivos, 3 óbitos e 8 pacientes ainda aguardam o resultado de exame. Em 2015, foram 14 notificações e nenhum caso confirmado da Influenza. Levando em conta a elevação dos números, pode-se afirmar dentro do "universo HU"que já há uma epidemia. Apesar disso, Dourados não tem estrutura para conter a crise, já que nem quarto de isolamento o município dispõe.


Para a diretora do HU, que também é médica infectologista, Mariana Croda, a situação é grave e exige medidas emergenciais para conter uma crise ainda maior ou até mesmo uma pandemia, conforme registrada nos anos de 2009 e 2010. "O poder público deve levar em conta o aumento desses números, tendo em vista que nem chegamos no inverno e que estamos com amplo déficit de vacinas tanto na rede pública como na privada. Ou seja, nem pagando o douradense consegue se imunizar", destaca.


Segundo Mariana, levando em conta que na maioria dos casos, os pacientes são de fora de Dourados deveria haver uma articulação entre Estado e Município nesta situação que foge da normalidade. Neste sentido, ela explica que se faz necessária a implantação de um Plano de Contingenciamento, como ocorrido em 2010. Naquela ocasião foi criada uma estrutura em que o Estado cedia monitor e respirador para os municípios do interior para que o paciente pudesse ficar naquela cidade até que conseguisse a vaga ou no Hospital de Referência ou na rede privada.


Além disso, segundo Mariana, os gestores abasteciam os hospitais de Dourados com insumos como aventais e máscaras, além de criar uma redefinição dos fluxos de rede, ou seja, definiam para onde iriam esses pacientes, organizaram e padronizaram todos os serviços prestados para o interno com H1N1. Conforme a infectologista, até o momento nem o Estado, nem o Município fizeram esta articulação que envolvesse o HU, que é o hospital que disponibiliza os especialistas nesta área.


Segundo a médica se faz necessário dar condições para que o HU consiga atuar como referência neste atendimento também em situações de anormalidade. Para isto, além de garantir o atendimento mínimo na região, ela diz que deve haver uma pactuação dos leitos do Hospital, já que hoje a situação é de superlotação. A diretora sugere uma readequação em que o município assumiria alguns serviços prestados hoje pelo HU em contrapartida do Hospital atender esta demanda a mais de pacientes de H1N1. Mesmo assim, para o atendimento ideal, seriam necessários 6 leitos de isolamento e 6 respiradores para conter os déficits."Nossa taxa de ocupação já é de 160%. O mais grave é que dentro de Dourados e macrorregião, incluindo os serviços privados, nenhum leito é considerado de isolamento respiratório, por não ter um sistema que filtre o ar e isto já dimunui a qualidade do atendimento gerando inclusive o risco de contaminação. Temos apenas quartos fechados, a verdade é essa, Com isto chegamos a conclusão de que Dourados não está preparada para este tipo de surto de virus respiratórios. A gente tenta minimizar a transmissão, mas o risco existe. Quando o paciente já está em respiração artificial a transmissão é menor, porém quando ele ainda não está neste sistema, o risco de contaminação é maior porque este paciente pode estar tossindo ou falando e a transmissão acontece por gotículas de saliva. É por isto que o fluxo destes pacientes deve ser definido e deve haver uma organização do sistema, como ocorreu em 2009, quando após o transporte dos pacientes havia uma limpeza rigorosa nas ambulâncias, nas macas e toda uma reestruturação da rede. Insisto que todo este fluxo deve ser pactuado entre os gestores para conseguir minimizar os danos. Essa transmissão é muito fácil e há pacientes que podem estar transmitindo nos serviços de saúde. Por isso é que não se deve deixar estas pessoas em pronto socorros, em recepções, como pode está acontecendo. No Hospital da Vida por exemplo e na UPA, onde há Pronto Socorro, se faz necessária uma reorganização com triagem urgente. Na época da pandemia foi realizado um amplo estudo e creio que ele pode ser utilizado imediatamente para conter a doença e evitar novos casos", destaca.

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