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Editorial

Inflação dos Alimentos

08 Jun 2016 - 06h00
Inflação dos Alimentos -
Os esforços do governo federal para conter a inflação não estão surtindo efeito, tanto que a expectativa da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial no país, subiu 3,25% até abril enquanto nos alimentos a alta foi quase o dobro, 5,79%. Somente no mês de abril, os alimentos foram responsáveis por metade da alta geral do custo de vida, com as frutas aparecendo como as principais vilãs, com alta de 33,78% no acumulado dos 12 meses. Nunca é demais lembrar que depois de 12 anos, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superou a barreira dos pontos percentuais e fechou 2015 em 10,48%.


Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que o governo federal começa a perder o controle sobre o custo de vida, mesmo porque a inflação de 3,25% nos primeiros quatro meses de 2016 projetam um custo de vida de mais de 12% ao longo de ano se for mantida a taxa de crescimento inflacionário. A situação é preocupante já que essa inflação apurada no quadrimestre significa a taxa mais alta para o período desde 2002.


A Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que o valor dos produtos que compõem a cesta básica aumentou acima da média nos primeiros quatro meses de 2016. A capital onde a cesta básica custa mais caro continua sendo Porto Alegre, onde o consumidor precisa desembolsar R$ 404,62 para alimentar uma família com quatro pessoas, seguida por São Paulo onde a cesta básica custa R$ 399,21 e Florianópolis, onde a cesta foi vendida a R$ 391,85. As capitais que apresentam os menores valores da cesta básica de alimentos foi Aracaju, onde o custo ficou em R$ 291,80; Natal, com a cesta custando R$ 302,14 e João Pessoa, onde uma família paga R$ 310,15 pela cesta de alimentos. Diante desta realidade, o Dieese estima que o valor mínimo do ganho mensal de um trabalhador, para suprir as necessidades básicas de uma família com quatro pessoas, deveria ser de R$ 3.399,22. Cabe enfatizar que o descontrole inflacionário praticamente dizimou toda economia brasileira entre 1984 e 1994, quando, enfim, a estabilidade foi alcançada pelo Plano Real comandado pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso.


Agora, com a expectativa da inflação batendo na casa de 12% neste ano, as pessoas começam a perder o sono. É inegável que esse índice está muito distante da realidade vivida, em 1985, quando a inflação de fevereiro atingiu a marca de 10,87% e fechou o ano em 242,24%, ou do aumento apurado em fevereiro de 1988, quando bateu a marca de 15,70% e fechou o ano em 980,22%, mas também é patente a necessidade de o governo adotar medidas capazes de impedir que o custo de vida continue subindo. Quem tem mais de 30 anos de vida ainda traz na memória da inflação acumulada ao longo de 1989, quando atingiu a marca de 1.972,91% e o que dizer da inflação medida em 1993 quando o índice chegou a estratosférico 2.477,15%, com a medição de fevereiro ficando em 24,98%? Essa é uma mistura que implode qualquer economia e basta analisar o que aconteceu recentemente nos Estados Unidos, por exemplo, onde o índice de desemprego disparou, mas a inflação e os juros foram mantidos sob controle e a economia se recuperou no curto período, tanto que voltou a crescer de forma considerável.


No Brasil está ocorrendo o inverso, ou seja, o desemprego está aumentando e tanto a inflação quanto as taxas de juros acompanham esse crescimento, revelando um cenário difícil para o curto período e ainda mais nebuloso para os próximos anos. A inflação é de longe o maior problema da sociedade que perde o sono com a carestia toda vez que entra no supermercado. Somente em 2016, o preço do mamão subiu 80,90%, para uma alta média dos preços das frutas de 23,92%, enquanto o preço da manga avançou 31,43%, mas o aumento dos cereais como o arroz e o feijão também é assustador. Quem para diante de uma gôndola de supermercado se assombra com o quilo do feijão variando entre R$ 7,50 a R$ 9,90, enquanto o pacote de 5 quilos de arroz varia entre R$ 9,80 a R$ 17,50, dependendo da marca. Fatores climáticos também derrubaram a produção de milho e os preços praticamente dobraram em relação a um ano atrás, fazendo com que o preço do fubá de milho subisse 9,85% no ano, ante variação de 5,79% de alimentos e de 3,85% do índice geral.

12% no ano é a previsão da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo para 2016, o que está tirando o sono da sociedade brasileira

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