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Índios avançam e cercam sitiantes em Dourados

09 Mar 2016 - 06h00
Sindicato Rural orienta produtores a registrarem boletim de ocorrência e diz que está de ‘mãos atadas’ - Crédito: Foto: Hedio FazanSindicato Rural orienta produtores a registrarem boletim de ocorrência e diz que está de ‘mãos atadas’ - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Indígenas que haviam ocupado área atrás do Residencial Monte Carlo em Dourados, avançaram para pequenas propriedades como o sítio Bom Futuro. Com isto, mais de 150 índios ocuparam duas áreas em Dourados no último final de semana. Além de ter a propriedade ocupada, as famílias ainda precisam pagar para ter o direito de ingressar na Justiça assegurado. Isto porque, segundo os moradores, apesar de conseguirem registrar o Boletim de Ocorrência, eles vão ter que pagar um advogado particular para cobrar os direitos.


De acordo com uma das proprietárias, Vanilda Alves Valentim, os moradores não encontraram respaldo nos órgãos públicos. "Procuramos a Defensoria Pública, que só pode disponibilizar vagas em maio. Procuramos Ministério público estadual e federal, polícia, todos os órgãos que nos indicavam. A resposta era sempre a de que todos estavam de ‘mãos atadas’ e que a gente tinha que pagar um advogado para tentar voltar para a casa. Se conseguirmos, ainda vamos ter que arcar com os prejuízos causados nas moradias. Onde está o direito dos homens de bem, que trabalham para abastecer a mesa das família? Estamos abandonados pelo poder público", indaga emocionada.


Ontem, Vanilda sequer conseguiu chegar em casa. Ela notou que a comunidade indígena avançou nas ocupações. Temendo atos de violência contra ela e os três filhos pequenos, resolveu usar de bom senso e dar meia volta antes de se aproximar. Ela acredita que a casa dela já esteja ocupada.


Na noite anterior , ela, o marido e os filhos saíram durante a madrugada e foram até a casa de familiares. Ontem, ela queria voltar para cuidar de animais que criava. "Nós decidimos sair porque houve uma tentativa de arrombamento. Além disso, indígenas quebraram as janelas de casa com pedra. Com músicas de guerra e muita gritaria, eles deixaram meus filhos aterrorizados", destaca.

Sindicato Rural


O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damália, e o advogado, Joderly Dias do Prado Júnior, disseram que o Sindicato repudia qualquer tipo de invasão. Eles orientam os sitiantes a registrarem Boletim de Ocorrência na Delegacia e acionarem a Justiça. "Toda invasão é uma violência que deixa marcas para sempre. Nós vemos crimes acontecer e ficamos de mãos atadas porque se nem a polícia pode atuar nestas situações que envolvem indígenas, imaginem nós produtores. Tudo o que fazemos é encarado como incitação à violência. Perdemos até o direito de proteger nossa terra. Uma vergonha!" diz o presidente.



Indígenas


O indígena guarani, Aderson Machado, disse ao O PROGRESSO que as 56 famílias que estão ocupando o local são da Aldeia Bororó. Eles alegam que a terra faz parte dos estudos de demarcação que há anos tramitam em Brasilia sem uma conclusão. Aderson conta que seus antepassados residiam no local e foram expulsos na década de 60. Também garantem que não vão invadir as sedes de áreas rurais, mas que irão resistir a qualquer tentativa de expulsão por força policial. Eles alegam que o uso do agrotóxico das propriedades rurais motivou que eles ocupassem a área para preservá-la.

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