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Indigenas reclamam de pouco incentivo à produção

30 Mai 2011 - 22h36
Renato de Souza diz que índios querem mais incentivo à produção - Crédito: Foto: Hedio Fazan/PROGRESSORenato de Souza diz que índios querem mais incentivo à produção - Crédito: Foto: Hedio Fazan/PROGRESSO
DOURADOS – O cacique da tribo guarani, Renato de Souza, contestou na sexta-feira as declarações do governador André Puccinelli (PMDB) – que, em visita a Dourados, listou diversos serviços e investimentos destinados à população indígena. À reportagem de O PROGRESSO, Renato de Souza disse que a quantidade de óleo diesel fornecida pelo governo do Estado através da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) não é suficiente para atender à necessidade das famílias.


O cacique apresentou uma lista da própria Agraer, onde está anotada a quantidade de óleo diesel destinada a cada uma das famílias. Algumas delas, segundo consta no documento, chegam a receber apenas 10 litros do insumo por safra – segundo o cacique, o ideal seriam, no mínimo, 50 litros.

O repasse de óleo diesel às famílias indígenas de Dourados faz parte do programa Aldeia Produtiva, da Agraer, que tem como objetivo fornecer insumos para garantir a produção de subsistência das famílias. O óleo diesel fornecido pelo Estado é utilizado para abastecer os tratores que irão preparar a terra para a produção de alimentos como feijão, mandioca, milho e cana-de-açúcar.

O problema, segundo Renato de Souza, é que a quantidade fornecida tem sido muito inferior à necessidade das famílias. Segundo o documento apresentado à reportagem, o valor destinado às famílias varia entre 10 e 60 litros. “Tem família que recebe 40 litros de óleo diesel para preparar 2 hectares de terra. Não é suficiente, é pouco”, afirmou. Segundo o cacique, as famílias menos humildes compram mais insumos, porém os mais pobres acabam perdendo parte da produção. “Quem não tem dinheiro para comprar vê a terra virar mato”, diz ele.

Renato também reclamou das recentes declarações do governador, que criticou a situação das propriedades rurais no distrito de Panambi. “Querem que o índio produza, mas o governo não dá condições para a gente trabalhar”, reclamou. “O índio produz ‘na marra’ porque não tem acesso a financiamento nenhum. É na sorte mesmo”, reclamou.

O cacique aproveitou para reclamar também da falta de maquinário para a produção. Segundo ele, as famílias nas aldeias Jaguapiru e Bororó são dividas por grupos – e, segundo ele, somente dois destes grupos teriam tratores disponíveis para a preparação das terras. Ele cobrou a destinação de diversos tratores, que estariam em poder da Prefetura de Dourados. “Queremos saber da Prefeitura quando vão poder mandar estas máquinas. Às vezes, pode chegar fora de época e daí não adianta mais”, reclamou.

Outro lado


Procurada pela reportagem, a sub-secretaria de Comunicação do Governo do Estado informou que a quantidade de óleo diesel disponibilizada aos índios foi calculada em pesquisa de acordo com a necessidade de cada área. Um assessor informou que a oferta é suficiente para a demanda e que deve ser utilizada de forma racional. “Se está faltando, é porque há mau uso”, disse o assessor.

Já a assessoria de imprensa da Prefeitura de Dourados informou que a disponibilização de tratores também é responsabilidade do Estado, já que os equipamentos estavam sob poder da Prefeitura por meio de convênio. O diretor de Comunicação, Helio de Freitas, disse que o prefeito Murilo Zauith (DEM) já mandou suspender este convênio e que os equipamentos já estão à disposição da Agraer. “O prefeito está dialogando diretamente com a comunidade em busca de projetos para incentivar a produção”, afirmou.

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