Mulheres indígenas produzem e vendem sabonetes para ajudar no orçamento - Crédito: Foto: César Firmino
DOURADOS – As mulheres da Reserva Indígena de Dourados se uniram para dar um ponto final à miséria e violência que cercam as aldeias. Mães, mulher de toda a idade, elas querem aprender uma profissão e se tornarem empreendedoras. Para isto estão adequando a cultura local para atender o mercado de trabalho fora da reserva. A fundação da Associação de Mulheres Indígenas de Dourados (AMID) foi o ponta-pé inicial. Através de parcerias, a Associação, recém formada, leva cursos profissionalizantes às índias. Numa pequena fábrica de sabonetes elas já sonham alto.
Muitas querem montar o próprio negócio. É o caso de Lúcia Reginaldo Bertulino. Com a morte do marido, há dois anos ela ficou com a responsabilidade de dar o que comer para os sete filhos, ainda menores. “Se não fosse a venda do sabonete estaria passando por dificuldades”, revela.
Marli Vargas é diarista. Ela disse que teve que se adequar a tudo o que aprendeu em casa com a família com o mundo fora da aldeia. “Numa casa na aldeia sãos as filhas e filhos que servem os pais ou fazem os trabalhos de casa. Para nós não seria comum colocar outra pessoa para fazer este trabalho” compara.
Elizabete Feliciano Flores diz que apesar de ter conseguido empregfo fora, muitos índios ainda sobrevivem de cestas básicas doadas pelo governo e que muitas vezes não chegam. “A mulher indígena não quer ser dependente. Queremos trabalhar, conseguir dinheiro para manter nossa família sem doação de ninguém. Queremos dignidade”, reforça.
No curso oferecido pela associação elas aprendem de tudo. Desde como lavourar para ajudar o marido, limpar uma casa como nos moldes das casas de não índios na zona urbana, e produção de artesanato para a venda.
A presidente da Amid, Lenir Paiva Flores Garcia, diz que esta iniciativa das mulheres é um artifício encontrado para que parem de sentir a dor de perder os filhos para as bebidas e drogas, principais “gargalos” para o fim da violência na comunidade.
Para ela faltam oportunidades. “Nossa cultura é de ensinar os filhos a trabalharem desde cedo, ajudando o pai ou a mãe na lavoura e comercialização do que é produzido, seja na aldeia ou fora dela.
Infelizmente, a lei diz que criança não pode trabalhar. O que resta para elas? Muitas vão para as drogas, prostituição e bebidas”, lamenta.
A expectativa destas mulheres é de que, com a profissionalização, elas consigam trazer para a aldeia um futuro melhor para todos.