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CULTURA

Grupos artísticos organizam evento em torno da cultura indígena

23 Jun 2016 - 14h48
O evento será realizado de 22 a 25 de junho, no Teatro Municipal e no Casulo – Espaço de Cultura e Arte. - O evento será realizado de 22 a 25 de junho, no Teatro Municipal e no Casulo – Espaço de Cultura e Arte. -
"Tape Kurusu – cruzamentos entre a cultura indígena e as artes da cena", é uma mostra que reúne os espetáculos "Mborahéi Rapére – Pelas trilhas do Canto", do Grupo Veraju; "Ara Pyahu – des/caminhos do contar-se", do Grupo Mandi’o, a oficina "Práticas Corporais e Vocais do Processo Criativo Ara Pyahu", a roda de conversa "Processos Criativos da Aldeia ao Palco", além das exposições "Deslocamentos" e "Culturas Indígenas". O evento será realizado de 22 a 25 de junho, no Teatro Municipal e no Casulo – Espaço de Cultura e Arte.

Mborahéi Rapére – Pelas trilhas do canto

O espetáculo "Mborahéi Rapére – Pelas trilhas do canto" é uma releitura de cantos indígenas, em especial os dos Guarani e Kaiowá, explorando suas diversas possibilidades harmônicas, rítmicas, melódicas e cosmológicas, razão pela qual o trabalho cênico-musical se desenvolve também com base em mitos e danças indígenas, considerados tradicionais pelas comunidades. A percepção Guarani e Kaiowá da realidade está presente do começo ao fim do espetáculo e introduz o público nos caminhos da palavra-cantada, nos seus símbolos e significados, nas reinvindicações que elas exprimem, na beleza. Além de cantos Guarani e Kaiowá, o repertório inclui cantos dos grupos étnicos Mbyá, Huni Kuin, Shipibo e Krahô.

O projeto surgiu a partir do interesse de artistas, docentes e estudantes em se aproximar da arte indígena local. O encontro e a partilha entre estas pessoas e as comunidades indígenas Guarani e Kaiowá de Dourados e Douradina resultou em uma criação colaborativa que realiza um diálogo entre a matriz cultural indígena e as linguagens do circo, do teatro e da performance. O grupo contou com a orientação das mestras tradicionais das comunidades indígenas: Floriza Sousa da Silva, da aldeia Jaguapiru; Tereza Martins, da aldeia Bororó; Nona Merenciana, do Itay; Adelina Ramona e Neusa Concianza, do Guyra Kambiy; além da orientação da antropóloga e musicista Graciela Chamorro, da etnomusicóloga Magda Pucci (Grupo Mawaca/SP) e da artista Arami Marschner. O espetáculo conta, ainda, com a participação especial do grupo de canto Ñemongo’i, da comunidade indígena de Itay (Douradina/MS), coordenado por Ifigeninha Hirto.

Ará Pyahu, des/caminhos do contar-se.

O grupo de dança-teatro Mandi´o, dirigido pela artista Carla Ávila, nasce do emaranhado de linguagens; entre as artes da cena, o canto e a palavra, o palco e o chão de terra. Mandi´o quer dizer em guarani Mandioca, tubérculo que nasce profundo na terra, nos subsolos do Mato Grosso do Sul, desenvolve-se e se desdobra dentro do subterrâneo, para brotar verticalmente, anunciando-se. Cultivada por indígenas há milênios, esta raiz inspirou o nome do grupo pela necessidade que seus integrantes sentem de estar e imergir/emergir na/da terra; conhecer as culturas regionais e suas expressões, e refratar suas texturas em cena. É nesta proposta que o espetáculo de dança-teatro "Ara Pyahu, Des/caminhos do contar-se" consolidou-se, tendo a vivencia a campo, entre Indígenas Kaiowá e Guarani como principal caminho condutor. O espetáculo transpassa tempos míticos, históricos e midiáticos contando as histórias e caminhadas deste povo através de diversas narrativas expressadas significativamente pela dança. Neste processo artesanal, os artistas/bailarinos do grupo Mandi´o atuam como fiandeiros

de contares, transformando palavras, sons e imagens em fios de dança, dramaturgia e cena, tecituras simbólicas trançadas em espetáculo.

Reflexões e Desdobramentos

Além da apresentação dos espetáculos, o evento "Tape Kurusu" busca desdobrar a discussão acerca dos cruzamentos entre a cultura indígena e as artes da cena, por meio da realização de duas exposições, uma oficina e uma roda de conversa. Nesse sentido, o Grupo Mandi’o promove, no hall do Teatro Municipal, a exposição "Deslocamentos", que apresenta objetos estéticos/artísticos, ilustrando algumas vertentes do processo de criação que deu corpo ao espetáculo "Ara Pyahu, Des/caminhos do contar-se". O grupo ministrará também, no espaço cultural Casulo, uma oficina sobre as práticas corporais e vocais que foram se constituindo no trabalho cênico, frutos das danças e dos cantos indígenas em composição com os conhecimentos e técnicas corporais do grupo. Tais ações fazem parte, junto com o espetáculo, do projeto de circulação prestigiado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. Outras ações que integram o evento "Tape Kurusu" são: uma roda de conversa que será realizada no espaço cultural Casulo, sobre processos criativos que relacionam práticas musicais e cênicas da cultura indígena e não indígena, envolvendo mestras indígenas e artistas do grupo Mandi’o e do grupo Veraju, e a exposição "Culturas Indígenas", coordenada pela professora Graciela Chamorro, no hall do Teatro Municipal.

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