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Frota sucateada paralisa serviço de saúde na Reserva

02 Mar 2016 - 06h00
Com cerca de 70% da frota sucateada, serviços de saúde na Reserva ficam comprometidos. - Crédito: Foto: DivulgaçãoCom cerca de 70% da frota sucateada, serviços de saúde na Reserva ficam comprometidos. - Crédito: Foto: Divulgação
Com 70% da frota sucateada, equipes de saúde indígena estão tendo que paralisar serviços importantes na Reserva. De 25 carros no polo, apenas 3 estão disponíveis para atender uma população de 15 mil habitantes nas aldeias Jaguapiru e Bororó, além do Panambizinho e outras 3 aldeias de Rio Brilhante.


Esses únicos 3 veículos estão tendo a função de transportar 7 equipes do pólo da Sesai, na área central, até os Postos de Saúde da Reserva e ainda cobrirem o plantão que é o encaminhamento de pacientes para unidades hospitalares a noite. A falta de transporte faz com que haja revezamento na ida e na volta das equipes e isto impede que os servidores se desloquem até o serviço domiciliar na Reserva.


A consequência disso, segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Leoson Mariano, é que famílias que não vão até o posto de Saúde deixem de ser atendidas. Além disso, devido às múltiplas funções dos veículos, estão ocorrendo atrasos e pacientes estão perdendo datas de exames porque o veículo não chegou no horário para transportar o pacientes.

Sem ambulâncias


Outro grave problema na Reserva Indígena é que não existem ambulâncias. Por causa disso, os pacientes são transportados em carros de passeio de forma irregular. “Pessoas acamadas são obrigadas a irem sentadas ou deitadas sem segurança nos bancos dos carros”, destaca.

Sem higienização


Outra grave preocupação é que os carros não passam por serviço de higienização. “Há grande risco de infecção cruzada, já que pessoas ensangüentadas ou que às vezes vomitam e defecam no veículo são transportados e não há uma limpeza profissional nos carros. São os profissionais da saúde que são obrigados a pegar o balde e limpar os dejetos, não eliminando bactérias, vírus e fungos que podem causar doenças infecciosas. Já ocorreu o transporte de pessoas esfaqueadas e gestantes num mesmo dia e sem a devida higienização”, destaca Fernando de Souza, membro do Conselho.

Postos de Saúde


Outro grave problema da Reserva é a situação dos postos de Saúde da Reserva Indígena, que estão atendendo de forma precária. No posto do Panambizinho os serviços tiveram que ser suspensos durante o período das chuvas porque o aguaceiro descia pelas paredes e alagava salas de saúde. Tanto na Jaguapiru como na Bororó, a comunidade indígena é atendida em meio a salas tomadas de mofo e com paredes danificadas devido as graves infiltrações. Em 3 dos postos de Saúde houve uma reforma há cerca de 2 anos, porém a comunidade questiona a qualidade das obras realizadas pela Prefeitura de Dourados. Em um deles a Vigilância Sanitária já interditou 3 vezes.


Em uma das unidades, que fica ao lado da Escola Tengatuí Marangatu, a situação é ainda mais precária. Uma obra de ampliação está totalmente paralisada e segundo as lideranças locais ela foi feita de forma irregular, sem atender as necessidades que a estrutura necessitava. “Construíram três salas aqui totalmente inutilizáveis. Todas elas são pequenas demais para a função na qual se destinariam. Não dá para ser recepção, nem farmácia, nem sala de atendimento”, conta um servidor.


A iluminação pública também é precária e os servidores são obrigados a fazer “vaquinha” quando alguma lâmpada estraga. Os medicamentos também não dão para 30 dias e há materiais e equipamentos danificados há anos. O lixo doméstico acumulado no posto de saúde por falta de coleta, também é um grande problema. Há relatos de ratos e baratas no local. A situação acaba interditando um dos banheiros que poderiam estar sendo usados pelos pacientes.


Fernando de Souza diz que a situação dos postos de saúde é lamentável e diz que vem cobrando soluções. Segundo ele, um total de R$ 1,8 milhão foi destinado pela União para o município realizar as obras de reformas, porém elas não saíram como o esperado e no caso de uma das unidades nem finalizou a obra ainda. “Há muitas infiltrações nas paredes que não foram corrigidas e isto vem acabando com a estrutura das unidades”, destaca.

Outro lado


Sobre os postos de saúde, recentemente a Prefeitura de Dourados disse que as obras de reforma e ampliação das unidades básicas de saúde Bororó I, Bororó II, Jaguapiru I e Panambizinho foram concluídas e entregues.
Quanto à obra na unidade Jaguapiru II, foi necessária a rescisão do contrato com a empresa que executaria o trabalho e um novo processo licitatório foi aberto. Esse processo está em fase final de e assim que for fechado o contrato com a nova empresa que executará o serviço, a obra será iniciada.


“Vale ressaltar que o município é responsável apenas pela execução das obras de reforma e ampliação acordadas. A manutenção dos prédios, mobiliários e equipamentos das unidades instaladas nas aldeias são de inteira responsabilidade da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) do Governo Federal”.

Sesai


O PROGRESSO tentou contato com a Sesai para falar sobre a problemática das viaturas, mas não obteve resposta acerca dos questionamentos.

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