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Lançamento

Ex-aluno indígena e professor da UEMS lançam E-book de língua guarani

19 Abr 2016 - 14h11
Edição homenageia Dia do Índio, comemorado nesta terça-feira - Crédito: Foto: ACS/UEMSEdição homenageia Dia do Índio, comemorado nesta terça-feira - Crédito: Foto: ACS/UEMS
"A língua valoriza e fortalece a identidade étnica de um povo", afirma o ex-aluno indígena da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Tonico Benites, um dos autores do E-book Avañe’e, de língua guarani. A edição foi lançada pela editora da instituição, em homenagem ao Dia do Índio, comemorado nesta terça-feira (19).

O professor Dr. Adilson Crepalde, do curso de Letras da unidade de Dourados da UEMS, também está entre os autores do E-book, juntamente com o indígena Adão Ferreira Benites. Segundo o docente, o conteúdo é voltado para o aprendizado da língua guarani por não-índios.

Segundo Tonico, Avañe’e é como os indígenas referem-se à língua que falam. O indígena é da etnia guarani-kaiowá e nasceu em uma aldeia no município de Tacuru, distante . "Sou filho de mãe da etnia guarani e pai da etnia kaiowá", explica.

Tonico concluiu o curso Normal Superior, oferecido pela UEMS para qualificar professores na atuação da educação básica. Ele conta que a ideia de escrever um livro de guarani surgiu em 2001, quando ingressou na UEMS. "Muitos profissionais da saúde, do turismo, que trabalhavam com comunidades indígenas na área de fronteira do Brasil com o Paraguai, me procuravam porque eu falava guarani. Eles queriam informações, queriam aprender a língua", relata Tonico.

Segundo Crepalde, o E-book é dividido por lições que abordam situações de comunicação cotidianas, como apresentar-se para alguém, além de informações sobre a gramática, as variações de escrita, de fala e de significados da língua guarani.

"Trabalhamos na elaboração de um livro voltado para o leitor autodidata, para o leitor que quer autonomia no processo de aprendizagem",explica o professor.

A edição também contém informações sobre a cultura, a vivência e os costumes das comunidades indígenas que falam guarani. Para Tonico, a língua ajuda a compreender um modo de pensar e de viver de um povo. "Por meio do guarani é possível compreender os costumes, os sentimentos, enfim, o mundo dessas comunidades indígenas".

Tonico concluiu o Mestrado e o Doutorado em Antropologia Social, com ênfase em Educação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, faz o Pós-doutorado e divide suas atividades entre o Brasil e a universidade Sorbonne, na França. O indígena, de 44 anos, é o primeiro de Mato Grosso do Sul a cursar o Pós-doutorado.

Segundo os autores do livro, existem cerca de 7 milhões de falantes da língua guarani na América do Sul. No Brasil, o guarani é mais comum na região de fronteira com o Paraguai.

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