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Escolas se preparam contra bullying

07 Jun 2011 - 22h26
Psicóloga diz que sempre que há inconveniente deixa de ser brincadeira e passa a ser bullying - Crédito: Foto : Hédio Fazan/PROGRESSOPsicóloga diz que sempre que há inconveniente deixa de ser brincadeira e passa a ser bullying - Crédito: Foto : Hédio Fazan/PROGRESSO
DOURADOS – Educadores e especialistas estão preocupados com a evolução dos casos de bullying, termo utilizado para expressar as agressões físicas ou verbais, praticadas contra uma vítima de forma repetida. Em Dourados, o Conselho Municipal de Educação (Comed) está buscando estratégias para combater e ajudar os educadores a identificar os casos de violência.

Uma das principais dúvidas dos educadores é saber como agir em caso de bullying. Um encontro este mês irá discutir o assunto com diversos especialistas. Uma psicóloga ouvida pela reportagem diz que o bullying causa grande impacto na vida social e afetiva da vítima, que pode até mesmo abandonar os estudos por causa do constrangimento.

Segundo a psicóloga e professora universitária Rosimeire Souza Martins, atitudes intencionais e repetidas com apelidos e até agressão física entre pessoas caracterizam o bullying. Nas escolas, segundo ela, o maior desafio tem sido como identificar esse ataque entre os alunos e como lidar com esta situação, que traz angústia, depressão e pode causar sérios problemas no decorrer da vida das vítimas.

Ela lembra que, geralmente, o agressor foca em características desagradáveis das vítimas, provocando constrangimentos perante os outros alunos. As agressões, segundo ela, atingem a vítima de forma física e emocional, tendo como principal conseqüência a baixa auto-estima. “O bullying provoca grande impacto na produtividade escolar. Em alguns casos, a vítima reprova de série ou até abandona a escola para fugir das agressões”, destaca.

Formação


Em Dourados, uma iniciativa do Comed quer evitar que os casos cheguem a este extremo. No dia 17 de junho, um encontro irá debater os aspectos psicológicos e legais do bullying e deverá reunir professores, coordenadores e diretores das escolas municipais de Dourados. O secretário de Educação, Walteir Betoni, lembra que diversos casos já foram registrados em Dourados e que, muitas vezes, a escola não sabe como agir diante da situação. “Dourados não é diferente da sociedade. É uma coisa nova e estamos buscando formação para agir de acordo com a lei”, explica.

Uma das principais dúvidas dos educadores é quanto às atitudes que devem ser tomadas pela escola em casos de bullying. “O ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] muito fala sobre os direitos da criança, mas não deixa claro quais os deveres”, explica Betoni. “Nossa preocupação é saber de que forma e até que ponto a escola pode agir com relação a este agressor”, afirma, ao lembrar que professores são orientados a debater o assunto em sala de aula. “Não estamos omissos ao problema. É importante criar uma cultura de tolerância para que o aluno saiba aceitar quem é diferente”, destaca.

Vítima

Segundo a psicóloga Rosimeire Martins, pais e professores devem ficar atentos a alguns sinais que ajudam a identificar se uma criança ou adolescente é vítima de bullying. Entre os ‘sintomas’, estão retração ou até agressividade, material escolar rasgado ou extraviado, falta de interesse às atividades escolares e, em alguns casos, até mesmo sintomas físicos como dor de cabeça, vômitos e diarréia na hora de ir à escola.

“Geralmente a vítima tem muito medo da retaliação do agressor e nega que haja violência. Por isto, os pais devem conversar e explicar que o caso precisa ser relatado e levar o problema até a escola”, diz a especialista ao alertar, ainda, que os pais realizem ações conjuntas de conscientização contra o bullying.

Segundo Rosimeire, uma realidade ainda pouco conhecida é que, muitas vezes, o agressor também pode estar sendo vítima de bullying em outra circunstância – entre amigos, vizinhos e até mesmo em casa. “A criança não vem um com ‘chip’ e é reflexo do ambiente onde vive. Isto interfere diretamente no comportamento dela”, explica. No caso do agressor, segundo ela, além dos prejuízos no rendimento escolar, a prática do bullying também pode resultar em agressividade e comportamento mais delinqüente.

Ela lembra que este tipo de agressão nunca pode ser confundido com brincadeira, já que tem como único objetivo depreciar a vítima. “Tudo o que deprecia de maneira violenta causa consequências muito ruins na vida da pessoa. Sempre que há um inconveniente, deixa de ser brincadeira e passa a ser bullying”, argumenta.

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