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Opinião

Equívoco!

27 Nov 2015 - 08h33
Equívoco! -
Ao declarar guerra ao Estado Islâmico logo após os atos terroristas que sacudiram Paris e o mundo pelo seu horror desenfreado, o presidente francês François Hollande incorreu em equívoco imperdoável. Não é possível que isso possa ter acontecido justamente na pátria da liberdade democrática e dos grandes pensadores que mudaram os destinos do mundo civilizado nos campos políticos, econômicos, culturais e sociais. Reforça o entendimento o fato de que ao mesmo tempo em conclama os franceses a não terem medo dessas ações manda a aviação francesa bombardear o Estado Islâmico no território sírio. Violência não se combate com violência. Essa frase possui uma força reflexiva muito profunda e leva-nos a acreditar que nada substitui o diálogo para estabelecer a paz e a concórdia entre os seres humanos.

O mundo está cheio de exemplos que vale a pena lutar até à exaustão pela composição amigável dos conflitos. Da própria França vem o exemplo que encaixa com regular beleza para o tema em discussão. Napoleão Bonaparte, que não tinha uma esquadra capaz de surpreender os britânicos pelo mar, lançou sua ofensiva contra o Egito para prejudicar o comércio dos ingleses com o Oriente Médio. E conseguiu. Mas fez uma advertência aos seus soldados. Vocês vão derrotar um povo de origem milenar. Sua religião é o Islamismo. Para esse povo Alá é o seu único Deus e Maomé é o seu legítimo profeta. Se vocês aceitarem isso como verdade vão ter uma convivência feliz com os egípcios. Se não aceitarem estarão criando o seu próprio inferno dia após dia, sentenciou o general francês.

Os franceses derrotaram os egípcios e com eles mantiveram uma relação de respeito enquanto durou a permanência da tropa francesa, naquele território. Agiu assim o grande general porque sabia que o horror motivado por questões religiosas torna-se um verdadeiro inferno para os que teimam em desobedecer os princípios religiosos. E ele se agrava nos dias atuais porque o terror não tem face e as suas células estão esparramadas por todos os lugares, inclusive em nossos quintais. Toda a precaução é pouca.

A Europa inteira está dando um exemplo magnânimo ao acolher refugiados que saem desesperados de seus países motivados por questões políticas e religiosas. Essa imensidão de gente que clama apenas por uma oportunidade para viver e criar dignamente suas famílias não pode ser considerada em hipótese alguma, terrorista. Clamam apenas pela paz, gritam pela vida, estendem suas mãos, para um gesto de grandeza próprios dos que sabem reconhecer a acolhida em território estrangeiro. A verdade é que somos todos passageiros. Ninguém é mais que ninguém.

As religiões não podem em nenhuma hipótese servir de campo de batalha para uma guerra tresloucada. A história da civilização também está recheada de fatos que apontam para essa direção. Depende apenas e tão somente do próprio ser humano criar essas condições maravilhosas para se afirmar como uma pessoa digna e bem propositada e que está sempre disposta a buscar pelo mecanismo do diálogo a alternativa viável para a composição dos conflitos que os atormenta.

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