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Editorial

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18 Nov 2010 - 23h19
Editorial -


A Comissão Municipal de Enfrentamento ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes realiza amanhã, em Dourados, mais uma ação para prevenir este crime que cresce em proporção assustadora mesmo diante do rigor da legislação e das prisões que estão sendo feitas por meio de operações específicas de combate à exploração sexual de menores de idade.

No período matutino, a comissão levará informação aos estudantes da Escola Estadual João Ribeiro Guimarães por meio de uma palestra que será proferida pela inspetora da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Joana D’arc Garcia, e, à tarde, o auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteban) promove palestras e debates sobre o tema, além da exibição do vídeo “Qual Lado Você Está”, mostrando a importância de se denunciar quem usa crianças e adolescentes como instrumento para o sexo. Coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, a programação será mais um passo no sentido de conscientizar estudantes e formadores de opinião sobre a gravidade do problema não apenas em Dourados, mas em todo o Brasil.
É uma realidade diferente do discurso que o governo federal insiste em desfilar em relação à exploração sexual de cri-anças e adolescentes.

Enquanto o governo fala o que o exterior quer ouvir, no cotidiano nacional as medidas adotadas pelos órgãos governamentais tem sido insuficientes para impedir que a infância de dezenas de milhares de crianças con-tinue sendo maculada em todos os Estados. Infelizmente, a exemplo do que acontece em todos os setores deste país, a impunidade acaba agravando o problema e incentivando tantos os pederastas e pedófilos, quanto aqueles que buscam o sexo como forma de diversão. O país não precisa criar leis para punir este tipo de gente, mas precisa, urgentemente, colo-car em prática todo rigor das leis que já existem sob risco da exploração sexual infanto-juvenil ficar ainda mais banaliza-da. Ações como esta que será desenvolvida pela Comissão Municipal de Enfrentamento ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é uma forma de prevenção, mas o governo precisa fazer a parte dele.

Poderia começar por endurecer o jogo contra a exploração sexual, contra a pornografia e a pedofilia, atividade que só perde em movimentação financeira para o tráfico de drogas. Como uma coisa está diretamente ligada à outra, o Ministé-rio da Justiça precisa redefinir seus programas de combate à exploração sexual para desarticular as quadrilhas que atuam em todos os Estados brasileiros. O mais grave é que este crime deixa profundas marcas nas suas vítimas inocentes, gran-de parte meninos e meninas que não têm como se defender dos seus algozes. Dados do Fundo das Nações Unidas pra Infância e Juventude (Unicef) apontam que 49% das crianças que sofrem esse tipo de violência têm entre 2 e 5 anos. De cada dez casos registrados, em oito o abusador é conhecido da criança - na maioria das vezes, alguém de quem ela gosta ou em quem confia. Em geral, a violência acontece dentro da própria casa do menor, o que acaba sendo um agravante e, sobretudo, um dificultador para chegar ao criminoso.

É por isto que a iniciativa da Comissão Municipal de Enfrentamento ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, sempre em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), deve receber não apenas o apoio, mas contar com a partição efetiva da sociedade douradense. Ao iniciar uma cruzada contra esse crime infame, o Conselho dá um importante passo rumo à conscientização das pessoas já que a iniciativa mais eficiente neste sentido adotada até hoje foi liderada pela Polícia Rodoviária Federal, que intensificou a fiscalização nas rodovias federais e fechou milhares de pros-tíbulos instalados às margens das rodovias e que exploravam sexualmente meninas com idade entre 12 e 17 anos de ida-de. Infelizmente, a ação da PRF é restrita apenas aos estabelecimentos localizados nas proximidades das rodovias fede-rais, ou seja, nos perímetros urbanos e nas estradas estaduais a prostituição infantil ainda é um negócio lucrativo para os cafetões e cafetinas que fazem fortuna vendendo a infância de meninas que acabam sendo, em grande parte das vezes, prostituídas pelas próprias famílias.

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