Lavouras inteiras ficaram submersas e só ontem, com a estiagem, produtores recomeçaram a colheita. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
As perdas nas lavouras de soja em Mato Grosso do Sul podem ser maiores do que os produtores e técnicos esperavam. Na região de Dourados, as chuvas de janeiro até o início deste mês, atingiram 496,8 milímetros, bem acima da média, e arrasou lavouras inteiras. O engenheiro agrônomo Ângelo Ximenes, presidente da Associação das Empresas de Assistência Técnica Rural de MS (Aastec-MS) informou que apenas ontem os produtores recomeçaram a fazer a colheita, já que a chuva deu uma trégua e o sol abriu. Ele disse que ainda não pode avaliar de quanto foram as perdas na região, já que os produtores só agora estão conseguindo entrar nas lavouras para fazer um levantamento.
"As perdas podem ser maiores do que esperava, já que existem lavouras inteiras que ficaram submersas", disse. Com isso, perdas e baixa qualidade já são esperados. Inicialmente os produtores achavam que a soja ardida poderia chegar a 15%, mas atualmente avaliam que pode chegar a 40%.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Christiano Bortolotto, revela que na região de Dourados, existem talhões com 100% de perda, no entanto, as porcentagens de produtos oscilam muito de acordo com a área, com o período de plantio e de colheita, além da região onde essa área está situada, se é mais alta ou mais baixa. Ele informou que os técnicos estão em campo avaliando a situação atual. "O que sabemos é que existem grandes prejuízos nas lavouras", afirma.
Ele lembra ainda que neste ano houve aumento de 4,1% de área plantada em Mato Grosso do Sul, o que indicaria colheita superior a 7 milhões de toneladas. "No entanto, muitos produtores não estão conseguindo colher por causa da chuva constante", diz.
No Sul do MS, que representa 60% da área total do Estado, apenas 57,3% das áreas já foram colhidas, em Ponta Porã, Dourados, Aral Moreira, Laguna Carapã, Carapó, Naviraí, Amambai, Maracaju, entre outras. "Muitas áreas estão alagadas e a qualidade da soja colhida não é boa", revela Bortolotto.
Milho
Essa realidade também ameaça a produtividade do milho 2ª safra, que está em 37,4% da área plantada e tem período ideal de plantio muito definido. Com a demora na retirada da soja do campo, o desenvolvimento do plantio também atrasa.
De acordo com levantamento do Siga MS publicado no dia 26 de fevereiro, 38% das áreas já foram plantadas, no entanto, o plantio ficará estacionado por causa da chuva, até que o solo esteja em condições de plantio. No comparativo com a safra anterior, nesta mesma época o plantio somava 50% ; a defasagem representa atraso de 12%.
Segundo Bortolotto, na verdade o cenário já é muito preocupante. As chuvas também elevaram bastante os gastos com insumos para minimizar o aparecimento de pragas e doenças devido às altas umidades, o que faz elevar os custos de produção. Somando as chuvas à essa equação, o resultado são margens apertadas e até mesmo prejuízos.