"Tenho um ateliê quase em frente ao carro e o pessoal bate no portão dia e noite e feriado pra perguntar do carro. São dois ou três interessados por dia, uns querem comprar porque o avô teve, o tataravô teve, outros querem saber a história do carro. Um dia perguntei se meu marido queria vender, ele jogou alto e disse que vendia por R$ 10 mil, porque sabe que ninguém vai pagar esse valor", contou Juciane ao G1.
A insistência de um homem, que saiu do boteco ao lado e perguntou sobre a venda, foi a gota d'água, segundo Juciane. "Ele ficou falando com aquele bafo de cachaça, entrou na minha loja, aí foi o fim. Resolvi naquele dia colar algum aviso. Imprimi em casa mesmo, oito folhas sulfites e colei nos vidros por dentro. Até achei que meu marido pudesse achar ruim, mas ele achou bom", explicou.
Juciane esperava que o recado afastasse os curiosos, mas isso não aconteceu e o carro acabou virando ponto de referência do ateliê no bairro. "Agora as pessoas perguntam 'você não vende mesmo'? E quando eu vou dar o endereço aqui do ateliê eu falo que fica em frente ao carro antigo com placa de 'não vendo'", contou entre risos.
História
Alexandre Tutes é tímido, por isso é Juciene quem conta a história do carro ao G1. O Landau 1982 entrou na vida da família há oito anos, quando o casal ainda namorava, e foi o primeiro carro antigo do farmacêutico.
"Casei com o marido e o carro veio de brinde. Nossa filha gosta e fala que é o carro velho do papai", brinca a empresária.
Alexandre comprou o Landau de um amigo de infância, que é colecionador de carros antigos. "O antigo dono tinha recebido o Landau como pagamento da dívida do primeiro dono, que era um senhor, e resolveu também vender o carro depois de passar em frente a casa do amigo do meu marido e ver que tinha outros quatro carros antigos lá. Em seguida, meu marido comprou", explicou Juciane.
À espera de reforma
Desde janeiro, o veículo está em frente à casa da família, esperando a reforma na oficina terminar para ser restaurado. Atualmente, o carro não anda e está com os pneus murchos, mas, a pintura e a parte interna bem conservada chamam a atenção.
Juciane lembra que o marido começou a reformar o carro e até comprou peças durante viagem aos Estados Unidos, mas a restauração foi interrompida por conta da reforma na oficina onde o trabalho seria feito.
"Meu sonho é ajudar a reformar. Ele comprou já pensando nisso, era pro carro levar a gente no casamento, fizemos planos até de viajar com ele, mas aí mudamos de casa, tivemos filha e outros gastos que impediram a reforma. Aí o carro veio ocupar o quintal de casa. Talvez seja reformado e fique pronto quando a neném [filha] casar ou, quem sabe, pra levar ela no aniversário de 15 anos", planeja a empresária.