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Ari Artuzi: simplicidade que conquistou o poder

18 Dez 2015 - 11h51
Ari Valdecir Artuzi - Crédito: Foto:  Acervo O PROGRESSOAri Valdecir Artuzi - Crédito: Foto: Acervo O PROGRESSO
César Cordeiro


Ari Valdecir Artuzi teve uma das maiores ascensões políticas de Dourados. Independentemente de todos os percalços que fizeram parte da carreira política do ex-prefeito de Dourados, o foco, aqui, é o lado simples de um homem de origem simples. De presidente da Associação de Moradores do Canaã I, ele chegou a prefeito de Dourados nas eleições de 2008, assumindo em 1º de janeiro de 2009 até 3 de setembro de 2010. Mas, antes, tinha sido vereador, deputado estadual por dois mandatos e sua vitória para a prefeitura em 2008, mais tarde se transformaria em decadência política.


Em toda a carreira política, Ari Artuzi deixou as marcas de sua popularidade. Estava em todos os lugares e tomava as dores do “povão” se utilizando dos encaminhamentos na área de saúde pública para fazer a política da boa vizinhança. Demonstrou coragem ao dizer que abriria a Perimetral Norte a qualquer custo, desafiando o então governador André Puccinelli que, mais tarde, deu início à obra mais emblemática de Dourados.


Não pensava duas vezes quando era procurado para conceder entrevistas. Porém, muitas vezes, causava polêmica com sua fala, talvez até pela sua humildade e simplicidade. Mas por trás de tudo isso, havia algo de inteligência política. Tanto que, como se diz na linguagem popular, ele “não dava ponto sem nó”. Foi eleito sempre com boa margem de votos e procurava se abrigar nos pequenos partidos. Aqueles que poderiam dominar e não ser dominado. Depois de eleito, a história era outra. Poderia até se aliar aos grandes. Isso nas eleições proporcionais porque na majoritária não há o perigo do fator legenda.


O mote de todas as campanhas de Ari Artuzi sempre foi a precariedade da saúde pública. Ele se apegava à fragilidade do setor de saúde, o mais marcante na vida das pessoas. Quem não se lembra daquele que lhe deu carona até um hospital ou a uma unidade de saúde quando mais necessitava? Quem não se lembra daquele que acelerou a data dos exames e cirurgias? Qual indivíduo carente não lembra daquela pessoa conhecida na sociedade que lhe deu atenção?


A atuação de Ari Artuzi estava sempre direcionada à omissão do Estado e a maior destas sempre foi presente na saúde pública brasileira que, por ser universalizada, atende a todos sem distinção. O Sistema Único de Saúde tem suas inúmeras falhas e era em cima destas que Ari Artuzi atuava, estando à disposição durante 24 horas, daquele que necessitasse de sua ajuda.


E por falar em ajuda, mais tarde, nas eleições para prefeito foi a vez dele pedir ajuda aos eleitores com a famosa frase “Ajuda Eu !”.


O sonho de Artuzi era conquistar a prefeitura e, depois disso, talvez tenha faltado estrutura emocional para lidar com o Executivo. Os poderes são muito diferentes. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, são 24 deputados estaduais. Artuzi era apenas um no meio deles. Como deputado estadual, a posição é mais cômoda porque cabe ao parlamentar cobrar do Poder Executivo e não ser cobrado, como no caso do prefeito.


Mas Artuzi não mudou nada quando chegou lá, continuava o mesmo, buzinando para todos que cruzavam a sua frente, acenando com o braço e outros gestos de popularidade. Ele não mudou, porém o sistema mudou. A responsabilidade aumentou e o Poder Executivo quase não tolera falhas e imperfeições. Todo ser humano é constituído de erros e acertos, porém na política, nem sempre existe a segunda chance para quem erra.

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