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Editorial

Antivacina, um crime

06 Fev 2021 - 07h02Por Redação
Antivacina, um crime -

Extremismo religioso, movimentos antivacina, instabilidade política e fake news estão impactando a confiança nas vacinas de combate ao coronavírus em boa parte do mundo e na comunidade indígena de Dourados não tem sido diferente. 

Por aqui, lideranças religiosas têm conseguido convencer os índios que a vacina não é segura e pode trazer prejuízo à comunidade. Mais de 600 pessoas, conforme boletim epidemiológico da prefeitura, contraíram o vírus na Reserva de Dourados. Não há dados sobre quantidade de mortos. 

O movimento antivacina no Brasil não tem uma organização tão bem estruturada como já possui hoje nos Estados Unidos. Mas ele se apresenta como um movimento crescente, e se espalha, sobretudo através de muitas igrejas, grandes e pequenas, em que diversas lideranças, pastores e pastoras, fomentam a resistência ao imunizante. 

A articulação antivacina tem responsabilidade direta dos mesmos pastores que se juntaram ao redor do presidente Bolsonaro, para diminuir a gravidade da pandemia, quando ela ainda estava chegando no Brasil.

Vale lembrar a “Convocação Nacional por Jejum e Oração pelo Brasil”, feita por Bolsonaro e “seus pastores”, em abril do ano passado, quando o Brasil tinha quase 90 mil casos e pouco mais de 6 mil mortes pela doença. Quando o país chegou a 100 mil mortes em agosto, nem o presidente, nem os seus pastores ou seus seguidores deram uma única palavra sobre o assunto, uma oração. Hoje, são mais de 226 mil vítimas da doença no País. 

Diante do cenário de negacionismo, grande parte dos indígenas em Dourados está sem se vacinar. Lideranças das aldeias Jaguapiru e Bororó estão com dificuldade de convencer sobre a importância da vacinação. Eles estimam que ao menos metade dos 17 mil índios que vivem na Reserva não devem tomar a vacina. A procura pelo imunizante nos postos é pequena. 

A luta pela vacinação só está começando. As conspirações já começam a surgir. Vai ser necessário um empenho coletivo e sério, para não negligenciar dos possíveis efeitos desinformadores do fundamentalismo religioso aliado de negacionismo e da tentativa do governo federal de minimizar a doença, dizendo de forma demasiada que não irá se vacinar.

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