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Amaral & Torres ajudaram colocar Dourados ‘no eixo’

18 Dez 2015 - 10h45
Amaral & Torres ajudaram colocar Dourados ‘no eixo’ -
Marcos Morandi

Celebrar os 80 anos de Dourados sem lembrar das famílias Amaral e Torres é o mesmo que deixar a história do município incompleta. São muitos os personagens que participaram e que ainda continuam a fazer parte da memória e do dia a dia da cidade.


Alguns deles são responsáveis por legados que sobrevivem ao tempo, como o traçado das ruas e avenidas, que tem a influência direta do agrimensor Vlademiro Müler do Amaral e as contribuições no setor educacional, de seu filho Celso do Amaral. Formado em química, ele foi responsável pela doação do terreno onde está construída a Escola Estadual Presidente Vargas, da qual foi o primeiro diretor. Pelo lado dos Torres, destaca-se o advogado Weimar Gonçalves Torres, filho de José Passos Rangel Torres e Dionísia Gonçalves.


Vlademiro nasceu em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, no dia 7 de novembro de 1898, filho de Antônio Teixeira do Amaral e de Filipina Müller do Amaral. Ele chegou em Dourados no ano de 1930. Do casamento com Theodolinda Ugolini, nasceu Adiles do Amaral Torres.


“Naquela época, o trabalho era totalmente braçal. Tudo era difícil, mas ele exercia a profissão com zelo e dedicação. Ao lado do “Seo” Vadú, meu pai elaborou um traçado sustentável da cidade, com a implantação de ruas e avenidas largas e bem distribuídas”, conta Adiles do Amaral Torres.


Segundo ela, a contribuição do pai também foi extensiva ao campo da educação, uma vez que sempre teve preocupação com a implantação de escolas na cidade. “Ele doou a área onde hoje está instalada a Escola Imaculada Conceição e também um terreno para a construção do Centro Educacional de Dourados (Ceud)”, explica Adiles. “Meu pai lia muito. As lembranças que tenho dele, em casa, eram sempre com um bom livro na mão. Além de leitor, Vlademiro também exercitava a escrita. Ele teve alguns livros de poesia publicados e sempre nos incentivou a ter gosto pelo estudo”, conta a filha, que é formada em Direito pela Unigran. “A formatura do meu irmão e a minha foram motivos de grande alegria para o meu pai”.


Além do levantamento topográfico e a demarcação da cidade de Dourados, Vlademiro também demarcou as terras onde foi instalada a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (Cand), pelo então presidente Getúlio Vargas. Durante a gestão do governador Ponce de Arruda, no antigo Mato Grosso, ocupou o cargo de diretor do Departamento de Terras e Colonização de Cuiabá. O administrador da Colônia Agrícola era Jorge Aguirre.


Vlademiro acreditava no papel social do jornal e na contribuição à cidade e teve importante atuação O PROGRESSO, onde foi sócio-proprietário (junto com Weimar Torres) até 1985, ano em que morreu. Ele também atuou como empresário, com a casa de comércio “São João” e ajudou a fundar e presidiu o Rotary Clube de Dourados.


A trajetória de Weimar não é diferente. É marcada por desafios e uma folha de serviços prestados em Dourados. Nascido em Ponta Porã, em 6 de dezembro de 1922, desde criança queria ser advogado como o pai, que também editava o jornal O PROGRESSO, que funcionava na cidade fronteiriça com o Paraguai.


Em busca desse objetivo foi para o Rio de Janeiro, onde, em 1947, formou-se em Direito. Na época, Weimar Torres trabalhava durante o dia e à noite dedicava-se aos estudos. Em maio de 1948, tornou-se o primeiro advogado residente na cidade de Dourados. Em 29 de janeiro de 1951, casou-se com Adiles do Amaral. Dois dias após o casamento, Weimar que, no ano anterior, havia se candidatado a vereador, tomou posse na Câmara Municipal de Dourados. Filiado ao Partido Social Democrático desde 1945, trabalhou na campanha que levou o General Eurico Gaspar Dutra à presidência da República.


Em 21 de abril de 1951, lançou a primeira edição do jornal O PROGRESSO em Dourados. Na época, semanário. No ano de 1954, foi reeleito. Durante esse período, Weimar conquistou cargos como o de promotor de Justiça. Em 1965, participou da campanha de sucessão governamental que levou ao Palácio de Alencastro, em Cuiabá, o engenheiro Pedro Pedrossian. Em 1966, Weimar elegeu-se deputado federal.


Além da paixão pela família, pela advocacia, pela política e pela poesia, Weimar Torres sempre batalhou em defesa do jornalismo e da liberdade de imprensa. Através de suas próprias palavras, registradas em uma carta escrita em 22 de abril de 1956, ele fala sobre a implantação do Jornal O PROGRESSO em Dourados: “Quando iniciamos a publicação deste jornal, há cinco anos atrás, superando enormes dificuldades, não faltaram vozes de descrença que nos julgaram incapazes de viver por muito tempo. Rolaram porém os dias, os meses e os anos. Subiram e desceram governos. Passaram-se geadas. A cidade cresceu e as nossas dificuldades também”, desabafa, sem perder a esperança na vitória. “Fracassados nos combateram. Mas, venceu sempre o vigor da nossa fé, triunfou o condão de nosso ideal, sobreviveu a força da perseverança, alimentada de amor e sacrifício”. Ao final da carta, Weimar Torres deixa claro que o Jornal O PROGRESSO entrava definitivamente para a história de Dourados. “Os fracassados ainda nos caluniam. Mas a fé que marcou nossos primeiros passos e o ideal que animou nossa arrancada inicial ainda hoje se ostentaram com a força de ontem, robustecidos de um crescente amor pela terra douradense”.


Hoje, Adiles Torres, filha de Vlademiro, irmã de Celso e viúva de Weimar, agora casada com Carlos Alberto Farnesi, conta com o apoio das filhas, Blanche (diretora-superintendente) e June
(diretora executiva), à frente do Jornal O PROGRESSO.

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