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Alcoolismo, tráfico e receptação são problemas em aldeias

07 Nov 2015 - 07h00
Comandante Carlos Silva  falou sobre a atuação nas aldeias, algo inédito e que tem dado frutos. - Crédito: Foto: Hedio FazanComandante Carlos Silva falou sobre a atuação nas aldeias, algo inédito e que tem dado frutos. - Crédito: Foto: Hedio Fazan
Como meta principal, o comando do 3° Batalhão de Polícia Militar de Dourados quer buscar a redução dos índices de criminalidade dentro das aldeias de Dourados. Segundo o tenente coronel Carlos Silva, comandante, a presença por mais de 20 dias dentro da aldeia gerou autuações e a construção de um panorama do tamanho do enfrentamento a ser vivido.

Carlos Silva falou sobre a situação na solenidade de entrega de viaturas na sede do Batalhão, ocorrida no meio da semana. Segundo o comandante, pelo menos quatro situações são as mais preocupantes do ponto de vista da segurança pública e precisam de atenção especial. O alcoolismo, presente na totalidade das ocorrências atendidas pelas guarnições, a existência de muitos veículos com ocorrência de furto, o tráfico de drogas e a atuação de grupos de jovens que agem agredindo e roubando pessoas durante a noite.

“São problemas de crimes, mas em suma resultados de mazelas sociais, como o alcoolismo. A segurança nas aldeias é o primeiro passo para a cidadania”, disse o comandante.

Carlos Silva relata que muitas mudanças precisam ser implantadas no interior da Reserva Indígena de Dourados, há muitos anos ‘desprivilegiada’ em várias vertentes.

Em relação ao alcoolismo, problema recorrente na comunidade indígena, o comandante explica que o papel da polícia é encaminhar para respectivos centros de assistência social o contato e tratamento de pessoas e famílias. “Não há muito o que fazer, a não ser que haja crime. Precisamos identificar o problema e encaminhar”, disse.
A receptação de veículos furtados é outro problema, segundo o comandante, que reitera dados dos primeiros dias de fiscalização quando aconteceu a recuperação de vários veículos. “Vamos atuar neste sentido, sempre respeitando a cultura local, sabendo que foi muito tempo sem atuação lá dentro”, disse, lembrando que o trânsito problemático é incluído nesta listagem de problemas.

O tráfico de drogas, problema de toda a sociedade também foi lembrado, mas para Carlos Silva, uma constatação preocupante foi a atuação de grupos de jovens que se juntam para atacar os próprios moradores, agredindo e até roubando estas pessoas. “Grupos que saem das igrejas, em geral a noite, acabam sendo vítima. Tivemos algumas situações como esta”, disse.

Não só na abordagem destes grupos, mas na atuação geral, segundo o comandante, o preparo dos policiais é de suma importância. “Por isso temos atuado apenas com grupos táticos especializados. Com preparo e disposição. Além disso, implantaremos um curso da língua falada pelos índios para que não estejamos ‘perdidos’ em ocorrências”, disse.

O comandante lembra que a compreensão da comunidade e a interação entre famílias e grupos dentro da aldeia para que as medidas sejam aceitas e integradas à cultura e costumes. O apoio de outras forças policiais, até aqui, e principalmente da Polícia Federal, tem sido importante. “A polícia em Dourados não tem vaidades. Temos uma demanda e vamos trabalhar em conjunto para melhorar a vida do douradense, índio, branco, negro”, finalizou o comandante.

Números

Doze motocicletas entregues para a Polícia Militar de Dourados esta semana já são empregadas no policiamento nas aldeias, sendo 4 em Caarapó e 8 em Dourados. O policiamento com esse reforço de viaturas dependerá das condições do tempo, segundo o comando.

De 14 de outubro a 3 de novembro, segundo dados do 3° BPM, a atuação dentro da aldeia registrou 63 ocorrências, sendo recuperadas 5 motocicletas e feitos 48 atendimentos de policiamento ostensivo/preventivo, além de ocorrências de violência doméstica, lesão corporal, porte de arma, porte de droga e outros.

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