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Editorial

Adequações Climáticas

17 Fev 2016 - 10h59
Adequações Climáticas -
O governo de Mato Grosso do Sul deu esta semana um importante passou para adequar as condições climáticas do Estado a 21ª Conferência das Partes (COP21), a cúpula em que se sentam os 195 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que aconteceu em dezembro de 2015, em Paris. O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade) realizaram a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas e Biodiversidade com objetivo de auxiliar o Brasil a atingir as metas estabelecidas para a redução das emissões de carbono e contenção dos efeitos do aquecimento global. Ponto para o governo do Estado que, numa rara iniciativa, coloca as questões ambientais no centro dos debates e discute formas de redução de gases do efeito estufa, aqueles que causam a poluição ambiental. O Grupo de Trabalho integra as ações do ProClima, programa idealizado para discutir e propor políticas públicas sobre o tema, colocando o Mato Grosso do Sul numa posição de protagonista neste debate sobre questões climáticas.


O grupo terá o desafio de apresentar um Plano Estadual para as Mudanças Climáticas e oferecer contribuições efetivas para as metas brasileiras firmadas na Carta de Paris, ou seja, o Mato Grosso do Sul sai na frente em relação às demais Unidades da Federação no debate de medidas capazes de amenizar os efeitos do aquecimento global. Um dos pontos mais positivos da iniciativa estadual foi o envolvimento de técnicos da Defesa Civil, Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf) da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei), nos debates em torno das questões climáticas. As propostas desses órgãos da administração direta serão apresentadas em encontros periódicos para o nivelamento do conhecimento dos integrantes e levantamento de todo o know-how de pesquisas e estudos existentes sobre o clima em Mato Grosso do Sul, de forma que o governo do Estado acaba tomando uma iniciativa que pode servir de exemplo para os demais Estados, sobretudo para aqueles que lideram a emissão de gases do efeito estufa como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.


Um Estado que persegue o desenvolvimento sustentável não pode abrir mão de discutir medidas que amenizem os efeitos do aquecimento global e, sobretudo, de pensar soluções que possam ser transformadas em políticas públicas para o meio ambiente. Nunca é demais lembrar que os chamados gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono, acumulam-se na atmosfera e impedem que as radiações infravermelhas que o planeta emite para se esquentar saiam para o espaço, fazendo com que a temperatura fique elevada. A indústria, o transporte e os usos do solo aumentaram a concentração desses gases, tanto que a Organização Meteorológica Mundial apontou que a concentração de CO2 na atmosfera chegou, em 2014, a 397,7 partes por milhão, contra 279 partes por milhão antes da Revolução Industrial. O fato é que já existe uma mudança climática comprometida pelos gases do efeito estufa que o homem emitiu, principalmente, desde a década de setenta do século passado, quando a temperatura média global passou a aumentar até atingir os níveis atuais.


Para agravar ainda mais esse quadro, estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente é que as nações desenvolvidas devem despejar cerca de 59 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa até 2020, número que significaria 1 bilhão de toneladas a mais do que previsto. O relatório alerta que o setor agrícola é responsável por 11% das emissões de gases de efeito estufa e cobra medidas capazes de assegurar a redução desse impacto no meio ambiente, mas o fato é que pouca coisa deve mudar, já que as 190 nações que reúnem-se na próxima semana vão apenas negociar propostas para um acordo global sobre o clima que deverá ser firmado somente em 2020. A sensação é que os país desenvolvidos não levam os alertas da ONU a sério, tanto que até hoje não surtiu um único efeito prático o relatório apresentado na Conferência sobre o Clima, realizada em Cancún, no México, no início de 2010, quando foram divulgados estudos apontando que a partir de 2030 as mudanças climáticas no planeta causariam indiretamente a morte de cerca de um milhão de pessoas por ano.

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