Dourados – MS sexta, 19 de abril de 2024
21º
Edições Especiais

A força do pioneirismo

18 Dez 2015 - 09h54
Membros da família Capilé que ajudaram no desenvolvimento de Dourados. - Membros da família Capilé que ajudaram no desenvolvimento de Dourados. -
Gilberto Cantu


Ouem poderia imaginar, em 1935, que Dourados, de uma pequena vila, de um pequeno povoado ou patrimônio, nasceria um promissor município, que se desenvolveria a ponto de tornar-se o coração econômico de Mato Grosso do Sul e um dos principais polos da economia do Centro-Oeste brasileiro?


Como não mencionar alguns de seus pioneiros, entre eles, Marcelino Pires, Januário Pereira de Araújo, Joaquim Teixeira Alves, Álvaro Brandão, João Vicente Pereira, seu primeiro prefeito, Weimar Gonçalves Torres, Famílias Matos, Azambuja, Capilé, Faker, Pedroso, Nishimura, Fedrizzi, Rasslan, Miguita, Machado, Katayama, Rasselen, Fujinaka e muitos outros. Sem esquecer os “heróis anônimos”, pouco lembrados nos relatos de nossa história, mas que participaram ativamente desse pioneirismo. Com coragem, energia, trabalho, suor no rosto, muita luta e fé em tornar o sonho de conquistar uma nova terra em realidade.


A saga desses pioneiros legou desde os primeiros passos da nossa colonização, exemplos de amor, trabalho, e confiança nessa terra fértil e generosa. Além dos que aqui estavam, Terenas, Kaiowás e Guaranis, Dourados acolheu muitos outros brasileiros: paulistas, mineiros, nordestinos, sulistas; e estrangeiros: paraguaios, japoneses, árabes, para aqui formar a grande família douradense.


A força dessa gente construiu seus ideais em meio a exuberância da natureza e a generosidade de seu solo. Força de um povo que se media pela esperança, por uma vida calejada na dura lida do campo, seja na criação de gado, colheita da erva mate, no plantio da rocinha para a subsistência ou na derrubada da mata e na construção de suas casas. Força que se media na convivência nem sempre pacífica entre os diferentes povos, costumes e culturas que, muitas vezes, geravam conflitos, deixando um legado dessa miscigenação, um jeito de ser douradense, com suas particularidades e diversidades.


O pequeno povoado que, aos poucos, surge nesse recanto do Centro Sul do Brasil, recebe o nome de São João Batista de Dourados, em 1884, não tem importância significativa como residência fixa de um grande número de habitantes, mas como um ponto de encontro das pessoas que se reuniam em razão do comércio que se desenvolve.


Muitos viajantes faziam uma parada para descanso de suas longas viagens, como os carreteiros, boiadeiros, mascates, tropeiros, ou uma pausa para um bate papo, um tereré, um mate, um bom trago de cachaça. Os que conseguiam terras permanecem na região e estabelecem, nesse ponto de encontro, um aglomerado de residências próximas, que aos poucos se transformam em um povoado. Além das residências fixas, o povoado recebia moradores das fazendas e das chácaras da redondeza, após andar léguas a cavalo para aqui chegar.


Em 1909, alguns desses viajantes pioneiros, entre os quais se destacaram Marcelino Pires, homem resoluto, dotado de muita coragem e possuidor de grande ardor pelo trabalho na lavoura e na pecuária, Januário Pereira de Araújo, agricultor, construtor e articulador político, e Joaquim Teixeira Alves, homem rico, mas que pegava na enxada e no machado na lida com os peões, iniciam um trabalho empenhado na ideia da criação de um patrimônio.


Com a doação de uma gleba junto ao povoado, cria-se o patrimônio que recebe o nome de Vila das Três Padroeiras (Imaculada Conceição, Santa Rita e Santa Catarina). Oficialmente, o povoado ou patrimônio sempre foi conhecido como Paróquia de Dourados, Patrimônio de Dourados ou Distrito de Dourados. Em 20 de Dezembro de 1935, nasce então, o Município de Dourados.


Dourados cresce, se desenvolve e se moderniza. Da foice e do Machado ao maquinário sofisticado, do carro de boi ao carro importado, do pequeno engenho à usina de cana, do barzinho e da vendinha da vila aos grandes hipermercados, da avenida empoeirada ou barrenta ao asfalto, da igrejinha à catedral, das exaustivas viagens de jardineira ao avião, da casinha de tábua ao prédio de andares, das pequenas pousadas aos grandes hotéis, do ensino dado pela própria família, ou do professor itinerante à cidade universitária, dos piqueniques à procura de guavira, aos passeios ao Shopping Center, do baile ao ar livre aos salões de festas.


Dourados hoje, com seu perfil de cidade moderna e dinâmica, quase não deixa transparecer os seus primeiros passos, os primeiros desafios, as lutas, os grandes conflitos, as grandes conquistas. Mas, basta conviver com sua gente, ouvir suas histórias para perceber a força do pioneirismo presente na alma, no sangue e na memória de seu povo.


Família capilé

Desbravadores

Deixe seu Comentário