Economia

Dourados deve colher 436 mil toneladas

3 NOV 2010 • POR • 17h40
Produtores de Dourados aproveitam a estiagem para plantar a safra de soja 2010/2011 Foto: Hédio Fazan

Marli Lange

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) prevê que Dourados deverá colher 436.800 toneladas de soja, a principal cultura da região. Na atual safra (2010-2011), que ainda está sendo plantada, a previsão é os produtores mantenham a área de 2009/2010, que foi de 140 mil hectares. O rendimento médio previsto é de 3.120 quilos por hectare.

O cenário de incertezas quanto à rentabilidade da produção de soja leva os produtores a agirem com cautela na expan-são da atividade, na opinião de Bruno Tomazini que preside a Associação dos Engenheiros Agronômos da Grande Dourados (Aeagran).

Em Dourados o plantio da soja já deve ter atingido cerca de 50% da área prevista, na avaliação do engenheiro agrô-nomo. Um diferencial nesta safra é que muitos produtores decidiram plantar a soja em períodos diferentes, ou seja, po-dendo adiantar ou retardar a colheita com objetivo de evitar imprevistos climáticos como uma estiagem ou chuva além do normal que possam provocar perdas nas lavouras.

O período recomendado para o plantio é até dezembro, mas Tomazini acredita que este mês toda a safra da soja em Dourados seja plantada. “Muitos produtores preferiram não apostar tudo numa época só, estão usando a estratégias para evitar imprevistos climáticos no futuro”, observou.

No momento o clima está sendo benéfico para a semeadura, tanto que em Dourados o plantio está bastante adiantado. Este ano, as chuvas não estão atrapalhando a semeadura, diferente da safra passada quando o excesso de chuva, fez retar-dar o plantio, já que as máquinas não conseguiam entrar nas lavouras.

Com relação as pragas e a ferrugem asiática, Tomazini diz que não há motivo de preocupação, já que este ano não há previsão de muita chuva. “A recomendação é que o produtor rural e o responsável técnico façam o monitoramento cons-tante nas lavouras”, aconselha o agrônomo.

REDUÇÃO

A safra 2010/2011 de soja no Brasil - segundo produtor mundial, foi estimada em 67,71 milhões de toneladas pela Consultoria Céleres, na segunda-feira, em sua primeira previsão para a temporada 2010/11.
A projeção indica uma queda de 1,1% em relação à previsão da Céleres para a temporada passada, de 68,5 milhões de toneladas. Em 2009/10, o Brasil colheu uma safra recorde.

A consultoria previu uma área de 23,19 milhões de hectares para a nova safra, ligeira redução de 0,6% na comparação com o plantio em setembro, quando o clima chuvoso favoreceu o desenvolvimento das lavouras na maior parte das regi-ões. No total, a redução prevista de área no país será de 138,2 mil hectares.

RENTABILIDADE

A análise da rentabilidade da produção de soja para a safra 2010/2011 mostra um cenário de “delicado equilíbrio” para os produtores, mesmo considerando preços na bolsa de Chicago em torno de 10 dólares por bushel atualmente. Os futuros estão acima desse patamar, acompanhando a disparada do mercado do trigo por conta de uma severa seca na Rús-sia.
No entanto, a Céleres lembra que as condições para o desenvolvimento da safra dos EUA estão boas, de maneira ge-ral, o que pode resultar em menores preços.

Segundo a Céleres, considerando os US$ 10, os preços perto da safra poderiam variar entre R$ 27,2 e R$ 33,4 por saca, dependendo da região, com uma taxa de câmbio de R$ 1,75. Com os atuais custos, a margem operacional bruta deverá ficar em média entre R$ 84 e R$ 555 por hectare, \"mostran-do que não há espaço para se correr maiores riscos\".