Paz e segurança

Nações Unidas estimam que limpeza de detritos em Gaza vai levar até 14 anos

Serviço de Ação contra Minas da ONU revela que processo precisaria envolver pelo menos 100 camiões; Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos alerta sobre alto risco de propagação de doenças com a alta da temperatura no verão

26 ABR 2024 • POR ONU News • 21h45
Resíduos continuam a acumular-se e a água corrente é escassa em Gaza - Unrwa

A guerra na Faixa de Gaza deixou cerca de 37 milhões de toneladas de detritos “no território amplamente urbanizado e densamente povoado”. Poderá levar até 14 anos, sob certas condições, para limpar os escombros, incluindo aqueles de edifícios destruídos.

Em Genebra, o especialista do Serviço de Ação contra Minas das Nações Unidas, Unmas, Pehr Lodhammar, disse que ainda é impossível determinar exatamente o número de engenhos não detonados em Gaza. 

Limpeza dos escombros 

Lodhammar afirmou que já é sabido que normalmente há uma taxa de falha de pelo menos 10% das “munições de serviço terrestre que são disparadas e não funcionam”. Mas o trabalho completo de limpeza levaria pelo menos 100 caminhões.

Dois terços da população de Gaza foram colocados sob ordens de evacuação na área desde 7 de outubro - Foto: © OMS

 

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, reiterou um impacto arrasador da falta de acesso humanitário seguro e desimpedido para a oferta de serviços críticos em Gaza, o que torna a ação é impossível.

Os resíduos continuam a acumular-se e a água corrente é escassa. À medida que o clima fica mais quente, o risco de propagação de doenças aumenta em toda a Faixa de Gaza. 

Ordens de evacuação 

A agência reitera que os cuidados de saúde prestados pelas equipas da Unrwa são essenciais para salvar vidas. 

Estima-se que mais de dois terços da população foram colocados sob ordens de evacuação na área desde 7 de outubro, quando tiveram início os ataques do Hamas no sul de Israel seguidos pelos bombardeios israelenses em resposta a esses atos.

Nesta sexta-feira, três especialistas da ONU* pediram passagem segura para a Coalizão da Flotilha da Liberdade, cujos navios partindo da Turquia devem transportar 5,5 mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Na viagem participam ainda centenas de observadores humanitários internacionais. 

Falta de acesso humanitário seguro e desimpedido afeta oferta de serviços críticos em Gaza -  Foto: Unicef e Pnud Papp/Abed Zagout

 

O apelo é que à medida que a Flotilha da Liberdade se aproxima das águas territoriais palestinas ao largo de Gaza, “Israel possa aderir ao direito internacional, incluindo as recentes ordens do Tribunal Internacional de Justiça para garantir o acesso desimpedido à ajuda humanitária”.

Os assinantes do pedido são os relatores especiais sobre o direito à alimentação, Michael Fakhri, sobre a situação nos Territórios Palestinos, Francesca Albanese e sobre o direito à Habitação Adequada, Balakrishnan Rajagopal.

*Os relatores especiais e outros especialistas são independentes e não recebem salário por seu trabalho.