Cultura

Dourados: subsídios para sua história

"O sul do antigo Estado de Mato Grosso, pelas suas condições de clima e solo, é a parte do Brasil mais própria para o povoamento intensivo". Adriano Metello

20 DEZ 2022 • POR Armando da Silva Carmello (in memorian) • 15h00
"Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria". (Frase com o qual se imortalizou o héroi Antonio João) - Divulgação

A palavra Dourados nos lembra a epopeia da Guerra do Paraguai quando a Colônia Militar de Dourados que também se denominara Destacamento de São Félix de Dourados, criada em 10 de maio de 1861 sobressai como ponto estratégico para a defesa de nosso território e manutenção do nosso império sobre a rica região do extremo sul mato-grossense.

Disciplinada e tranquila era a guarnição militar sob o comando do Tem. De Cavalaria Antonio João Ribeiro e mais os seguintes companheiros: soldados João Batista Pereira, Marcelino Emiliano, Severino Francisco de Souza, Veríssimo Ferreira, Joaquim Bento da Silva, Camilo do Carmo, Felicíssimo do Carmo, Camilo Joaquim do Carmo, Marcelino Mariano dos Santos, Francisco Paes de Arruda (o único casado), cabos colonos: Cipriano de Almeida e o colono Manoel Silvestre de Arruda. Além da população própria da Colônia, encontravam-se na mesma ainda mais um oficial, oito praças do corpo de Cavalaria, um paisano com três filhos, dois camaradas e dez mulheres.

Em dezembro de 1864, na mesma época mês e ano em que o navio brasileiro “Amambai” sob o comando do primeiro tenente da Armada Balduíno Ferreira de Alencar sulcava o rio Paraguai, conduzindo o coronel Hermenegildo Porto Carrero e Guarnição do Forte de Coimbra, na retirada estratégica de 28 de dezembro daquele ano, foi que a Colônia de bravo Antonio João era intimada a render-se de maneira inesperada e traiçoeira.

Antonio João Ribeiro, que há dois anos mantinha o fogo sagrado do patriotismo naquelas lindes, comandando aquele grupo de brasileiros, sem ter conhecimento da invasão que os fatos comprovam, devido a distância em que se encontrava da Corte e a dificuldade de transporte das correspondências, cujo transporte era feito no lombo de animais (muares ou cavalares) antes de enfrentar o inimigo preparado e há pouca distância do seu destacamento, enviou um próprio ao Comandante Dias Silva, em Nioaque, a sua mensagem histórica, após parlamentar com Resquin – comandante da volumosa coluna inimiga deixou a frase lapidar que deve construir um padrão de glória para todos os brasileiros. Ei-la.

“Sei que morro, mas o meu sangue e de meus companheiros, servirão de protesto solene contra a invasão do solo da minha pátria”.

Este documento, que hoje trazemos para estas colunas, com a nossa perene admiração pelas glórias do passado, não fosse o próprio Resquin, nosso inimigo invasor, teria perecido e ficaria no anonimato de sempre.

Voltando Antonio João Ribeiro para a sua situação de Comandante já com a firme decisão tomada, de resistência, a todo preço, e sentindo aproximar-se o inimigo constituído de 250 homens sob o comando de Resquin, colocou a sua tropa em frente ao inimigo e comandou:

Sentido! Preparar! Apontar! Fogo!

Uma descarga fulminante varreu o destacamento de Antonio João... Estava, assim, consumada a luta fraticida na terra brasileira e neste extremo sul-mato-grossense...

Desnecessário dizer que morreram todos os que se encontravam fazendo parte do Destacamento.

*Extraído do livro “Dourados Terra Prometida”.