Artigo

Acessibilidade é dignidade!

4 DEZ 2021 • POR Mirella Ballatore • 08h00

Como mulher com síndrome rara conhecida popularmente como “Ossos de Cristal” e cadeirante, transitar com liberdade, autonomia e segurança é um desafio diário, contínuo e amplo!

O conceito de mobilidade urbana consiste em facilitar o deslocamento em uma cidade, por meio de boa infraestrutura. No entanto, quando falamos em mobilidade urbana para cadeirantes, é preciso considerar fatores como ruas e estabelecimentos com rampas, vias largas para pedestres manobrarem as cadeiras de rodas etc.

Vale destacar que, muito embora “mobilidade” e “acessibilidade” sejam conceitos próximos, é importante não confundi-los. Mobilidade é a capacidade de pessoas e cargas se deslocarem nas cidades visando à execução de suas atividades. Já a acessibilidade é possibilidade que as pessoas têm de atingir os destinos desejados.

Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o poder público municipal está readequando e acessibilizando o Centro oportunizando nossa contribuição in loco para que as obras sejam realmente adequadas às nossas necessidades. Mas há muito a realizar!

 Mirella  Ballatore - Presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de MS - AMDEFMS

Eu costumo dizer que a ACESSIBILIDADE UNIVERSAL, uma vez executada corretamente, atende a todas as pessoas, não apenas aquelas com deficiência permanente, temporária, mobilidade reduzida, visual, auditiva etc.! Tendo acessibilidade em todos os espaços urbanos, proporciona acesso indistinto, ou seja, todos usufruem sem haver espaços diretamente destinados às pessoas com deficiência.

Acessibilidade Universal não cabe apenas ao Poder Público. Toda a sociedade tem o dever de proporcionar o acesso irrestrito e digno.

Espaços públicos acessíveis, como por exemplo o comércio em geral, possibilitam que as pessoas com deficiência consumam mais, circulem mais, gerando emprego e renda. A falta de acessibilidade nos estabelecimentos comerciais, por exemplo,  me diz que eu não sou bem-vinda e que meu dinheiro não vale nada.

No senso comum, acessibilidade parece evidenciar os aspectos referentes ao uso dos espaços físicos. Entretanto, numa acepção mais ampla, a acessibilidade é condição de possibilidade para a transposição dos entraves que representam as barreiras para a efetiva participação de pessoas nos vários âmbitos da vida social.

De acordo com  a CONVENSÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, no seu “Artigo 9º - Acessibilidade 1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a: a. Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e locais de trabalho; b. Informações, comunicações e outros serviços, inclusive serviços eletrônicos e serviços de emergência...”

Promover, difundir, executar a acessibilidade é dever de todos e direito garantido em lei.

Nos colocando no lugar do outro, percebendo a importância de espaços acessíveis, quem sabe teremos as cidades brasileiras que queremos e que atendam a todas as pessoas, indistintamente!