Pandemia

Lapsos de memória e linguagem estão entre os sintomas mais enigmáticos do pós-Covid

Efeitos colaterais também incluem dor de cabeça e transtornos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático

23 NOV 2021 • POR Veja • 10h44
Abalos não são flagrados em ressonâncias e tomografias comuns - Divulgação

Lapsos de memória e linguagem estão entre os sintomas mais enigmáticos do pós-Covid. Somam-se a eles diversas outras manifestações neurológicas, como dor de cabeça, além do surgimento (ou agravamento) de transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.

O próprio coronavírus pode chegar ao cérebro, mas seu ataque direto não parece ser o principal culpado pelos apagões.

“Nem sempre há infecção no órgão”, aponta a neurologista Clarissa Yasuda, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenadora do projeto NeuroCovid, que já reúne depoimentos de 11 mil pessoas com sequelas neuropsicológicas da doença. A própria médica se identifica com eles. “Digo que passei de multitarefa a unitarefa”, desabafa.

Se o vírus não está lá, o que justifica tais impactos? “Uma série de fatores, da inflamação sistêmica ao despertar de alguma tendência genética adormecida, fora outros processos que ainda desconhecemos”, teoriza Clarissa.

Outra hipótese envolve os chamados microtrombos, entupimentos em vasos muito pequenos que irrigam o cérebro.

A questão é que tais abalos não são flagrados em ressonâncias e tomografias comuns. Assim, a pessoa, preocupada, procura o neurologista e ouve que seus exames estão normais.

Nesses casos, testes neuropsicológicos feitos em consultório podem ajudar a quantificar o impacto da doença e determinar o tratamento. Porque felizmente é possível melhorar o funcionamento da cabeça.