Dia do Médico

Dia do Médico: Profissionais contam que a pandemia impactou relação com paciente

18 OUT 2021 • POR Flávio Verão/Dourados Agora • 16h00
Médica ginecologista Ana Teresa Gusmão de Lucia

No Dia do Médico, comemorado nesta segunda-feira, 18 de outubro, profissionais contam que a pandemia impactou na relação com pacientes. Agora, com grande parte da população vacinada, a busca por prevenção e diagnóstico está voltando ao normal.

Mas a pandemia deixou marcas profundas na humanidade, trouxe ensinamentos e mudou comportamentos dentro e fora do ambiente hospitalar. Essa é a avaliação da médica ginecologista Ana Teresa Gusmão de Lucia.

"Foi uma oportunidade de exercer a medicina como ela é, de se colocar à disposição do paciente", diz a médica. A pandemia impactou na vida de todos os indivíduos e a relação do profissional com o paciente mudou.

Ela lembra que, no início, teve que ser preciso aguardar normatizações sobre a doença, buscar melhores informações - as mais corretas com base científica. Depois vieram as normas de biossegurança, para evitar a ginecologista.

Os avanços tecnológicos ajudaram muito. "Tivemos que aprender a utilizar como ferramenta, com consulta online, whatsApp, para dar orientação correta, num momento de tanta solidão, desespero, que todos foram tomados, perdendo muitas vezes familiares. Sem dúvida, nós, médicos, utilizamos muito essas ferramentas com finalidade de ajudar", lembra, destacando o trabalho de todos os profissionais da linha de frente, como técnicos de enfermagem, enfermeiros, radiologistas, entre tantos outros que deixaram suas casas e familiares para acolher os pacientes.

Para ela, a pandemia será um aprendizado para toda a vida dos profissionais de saúde, principalmente de manter o compromisso com a saúde e o bem-estar do paciente.

Contudo, a pandemia trouxe preocupação, principalmente quanto a pacientes que tiveram tratamentos interrompidos ou deixaram de fazer diagnósticos precoce. Ana Teresa diz que houve redução no quantitativo de biópsia, pois pacientes com medo de pegar a doença deixaram de frequentar hospitais e clínicas.

Muitos serviços chegaram a ser suspensos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), não dando escolha ao paciente. Durante vários meses o atendimento ficou voltado somente a paciente com coronavírus. Agora o governo estuda retomar cirurgias eletivas e exames por meio de mutirão de caravana da saúde. Os atendimentos devem voltar até o final deste mês.

"Diminuiu o número de diagnóstico de câncer em geral e de tratamento. Realmente temos vistos pacientes que perderam o período de se tratar, momento precioso. Refletiu também no controle do diabetes e de outras doenças cardiovasculares. Agora, as pessoas estão podendo retomar seus atendimentos, tanto de prevenção, quanto de diagnóstico, mas existe demanda represada", relata a ginecologista.

O médico psiquiatra Wilson França diz que a pandemia da covid-19 afetou as condições mentais e neurológicas de muitas pessoas. Fez ainda aumentar a insônia, a angústia, a irritabilidade e crises de choros, consequente não só pelo isolamento social, mas também pelo convívio familiar que antes estava cada vez mais pouco comprometido, devido a busca pelo sobrevivência financeira. A mudança brusca da pandemia, conforme ele, fez pessoas ficarem próximos fisicamente e distantes mentalmente.