Saúde

Em ‘Setembro Amarelo’, faltam remédios para saúde mental em Dourados

Pacientes vêm enfrentando dificuldades para ter acesso a medicamentos controlados

26 SET 2021 • POR Gracindo Ramos • 09h00
Muitos pacientes usam de forma contínua os fármacos, que têm custos elevados - macniak

No mês de prevenção e conscientização sobre saúde mental, pacientes vêm enfrentando dificuldades para ter acesso a medicamentos controlados em Dourados (MS). No dia 15 de setembro, uma postagem em um grupo de reclamação do Facebook denunciava a ausência de vários fármacos na farmácia pública do município. Muitas dessas drogas são de uso contínuo e são comercializadas por altos preços.

“Com essa falta de remédio na farmácia da saúde mental, estou precisando de Depakene de 500mg, Quetiapina de 25mg, Sertralina de 50mg e Clonazepam GTS”, escreveu uma moradora de Dourados. Depakene é um medicamento utilizado para o tratamento da epilepsia e convulsões. Quetiapina é um estabilizante de humor indicado para o tratamento de esquizofrenia ou transtorno bipolar. Sertralina é um fármaco utilizado no tratamento de várias condições, como depressão ou ataques de pânico. Já o remédio Clonazepam trata crises epilépticas e espasmos.

Outra pessoa solicitou: - “Gente, faz alguma coisa. Providencia esses medicamentos, são de uso contínuo!”. Um comentário indagou pela ação dos vereadores. Uma mulher disse que também estava necessitando dos mesmos medicamentos. “Estou precisando muito também de Donaren Retard”, afirmou outra moradora de Dourados. O fármaco é um antidepressivo. Já um senhor exclamou que “Prolopa também não tem, desde o último ano, e o custo mensal é altíssimo!”. O remédio é indicado para pacientes com doença de Parkinson.

Em julho, o vereador Sérgio Nogueira (PSDB) havia solicitado à prefeitura informações sobre a falta de reposição de medicamentos na área da saúde mental. “O número de pessoas que utilizam a Farmácia Popular é muito grande e alguns medicamentos estão em falta há algum tempo, principalmente os que são disponibilizados por ação judicial, como remédios controlados. Isso tem causado grandes preocupações, pois essas pessoas não têm condições de comprar e precisam desse suporte para tratamentos médicos contínuos. Enviei à administração um requerimento com a lista dos medicamentos que estão em falta e esperamos uma resposta, afim de repassarmos as devidas considerações à comunidade”, destacou o parlamentar em texto da assessoria legislativa.

“Tem muita gente sem medicamento. Eu sou uma delas e faz muito tempo que não tem medicamento. Isso é um descaso com a população”, alertou uma cidadã. “Eu também fui atrás do meu e nada. O que vai ser de quem precisa dessa farmácia?”, questionou em seguida mais uma paciente de saúde mental. “Também fui lá e nada e com muito sacrifício. E vendendo minhas coisas pra comprar medicamentos do meu filho, que é especial. Compro picado e com um pouco de ajuda de parentes. Pois, se for comprar, R$ 1,2 mil os remédios dele. Toma Dapakene, Clorpromazina, Neozine, Prometazina e Carbamazepina. E não tá tendo nada. O benefício dele está bloqueado”, afirma uma mãe de paciente.

“Penso o seguinte: quem não faz uso contínuo de medicação não deveria vir aqui atacar, porque é um caso muito sério você depender daquele remédio e não ter. E, na real, a maioria não tem condições de comprar. Estamos aqui falando da saúde mental. Tomem cuidado, porque ninguém toma remédio por esporte ou lazer. É uma necessidade. Cuidado com os julgamentos e piadinhas, aqui as vidas importam e muito”, conscientiza um dos comentários na rede social, que tinha dezenas de curtidas e comentários.

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Dourados informou, na segunda-feira (20/9), que “a regularização do fornecimento de medicamentos de saúde mental, deve acontecer nesta semana! É a previsão, porque dependente da logística da entrega da medicação”.