Cultura

Douradense ganha mostra internacional com filme sobre mulheres indígenas do MS

Fabiana Assis Fernandes foi a primeira artista do Estado a conquistar a premiação

3 AGO 2021 • POR Filipe Prado/Da Redação • 13h00

A artista douradense Fabiana Assis Fernandes foi a primeira sul-mato-grossense a ganhar a Mostra Internacional de Audiovisual do 12º Fazendo Gênero e 14º Mundo de Mulheres. Ela apresentou o curta-metragem documental Kuña Porã: Matriarcas Kaiowá e Guarani, gravado em Dourados. 

O filme, gravado nas aldeias da região, conta os “processos de empoderamento e alteridade feminina das mulheres Kaiowá e Guarani nos espaços que compõe o imaginário social de suas aldeias e acampamentos”. Fabiana ressalta que o curta é um documentário de “escuta, amor e resistência”.

“São vozes de lideranças, entre elas, parteiras, rezadoras, artesãs, agentes de saúde, professoras, que expressam, através dos relatos de suas lutas coletivas e práticas cotidianas, quem são estas mulheres e quais são suas posturas diante dos diálogos interculturais na reivindicação dos seus direitos a partir da especificidade de ser mulher Kaiowá e Guarani”, relatou.

As gravações do filme começaram em 2016, de acordo com Fabiana, e foram finalizadas em 2020, porém o curta é uma continuação de 10 anos de vivências e registros que fez. Por exemplo, em 2014, através da Catédra da Unesco-UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), as suas fotos se transformaram em um livro, chamado Mulheres Kaiowa e Guarani - Expressões, sendo que em 2015 virou a exposição fotográfica Kuña Porã: Matriarcas Kaiowa e Guarani, que circulou o país e foi vencedora em diversas mostras e exposições, incluindo o 11º Fazendo Gênero e 13º Mundo de Mulheres.

“Como o filme é oriundo de uma exposição fotográfica, na época que iniciamos as filmagens, escolhi uma estética visual pautada no uso das mais variadas técnicas de fotografia, tendo inclusive na equipe técnica apenas fotógrafos, sendo eles Tatiana Varela e Fabrício Borges.  E ainda divido a direção com Daniela Jorge João, da etnia Kaiowá, e atualmente ela é a primeira estudante indígena de uma universidade pública de Audiovisual de MS”, explicou Fabiana.

Após ganhar a premiação, pelo filme, Fabiana conta que foi uma sensação de alegria, fortalecimento e renovação das energias para continuar a caminhada do audiovisual “como ferramenta de voz e visibilidade das histórias e memorias das nossas matriarcas”.

“Sou a única artista do MS em ter a oportunidade de ganhar a mostra internacional de fotografia do Fazendo Gênero e Mundo de Mulheres e quatro anos depois novamente marco história sendo a primeira artista de Ms a ganhar a mostra internacional de Audiovisual do mesmo evento”, ressaltou a diretora do filme. 

Ela afirmou que irá seguir em frente nas produções e não deixará o "Kuña Porã: Matriarcas Kaiowa e Guarani" engavetado, como estava há tanto tempo, porque acredita que “as vozes dessas mulheres devem circular o mundo”.

Fabiana ainda contou que, seguindo a mesma linha do filme, finalizou o seu segundo filme, o “Kuña Mbarete - a força do futuro”, através da Lei Aldir Blanc via Secretaria Municipal de Cultura de Dourados, que em breve estará disponível para circulação em mostras e festivais.