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Sem reajuste salarial, funcionários da UPA e Hospital da Vida vão paralisar

Técnicos de enfermagem não têm aumento desde 2017 e boa parte deles está com férias vencidas há 3 anos

18 JUL 2021 • POR Valéria Araújo • 07h00
Profi ssionais da enfermagem da Funsaud durante manifesto semana passada em frente a prefeitura - Charles Aparecido

Com recorrência de atraso de salário, sem reajuste salarial há cinco anos e férias vencidas, funcionários da Funsaud (Fundação da Saúde), autarquia responsável por administrar a UPA e Hospital da Vida em Dourados, planejam paralisação para a próxima semana. O sindicato da categoria chamou a direção da Fundação para negociação e caso não haja resposta, os profissionais como técnicos de enfermagem vão cruzar os braços.

Atolada em dívidas que passam de R$ 70 milhões, a Funsaud enfrenta problema financeiro sem fim e a falta de gestão atinge os funcionários, que são contratados por registro em carteira de trabalho, diferente dos médicos, que são apenas prestadores de serviço (pessoa jurídica). Embora trabalham em regime CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), os técnicos não têm recebido direitos como os demais trabalhadores. E não é por falta de denúncia, pois há inúmeras ações que tramitam na justiça, sem desfecho. Parte dos trabalhadores está sem férias há três anos, o que é proibido.

Esta semana os trabalhadores tiveram Assembleia Geral para tratar da convenção coletiva dos anos 2017 a 2021. Após a reunião, foi deliberado pelo sindicato da categoria que a prefeitura seria notificada para negociação. Eles aguardam resposta e caso não ocorra, a paralisação deverá ser agendada para os próximos dias. Na semana passada, os trabalhadores, com faixas e cartazes foram protestar em frente à prefeitura. O prefeito Alan Guedes e ninguém da administração municipal foi falar com os trabalhadores, que praticamente todos os meses recebem os salários com atraso.

Claudinei Moreira, representante dos trabalhadores da Funsaud, diz que a situação é de calamidade. Além dos problemas trabalhistas, a categoria sofre com as condições de trabalho para um bom atendimento à população. Os equipamentos de proteção individual (EPI), por exemplo, não são adequados, como as máscaras. Por conta disso muitos profissionais contraíram coronavírus. 

O salário de um técnico de enfermagem da Funsaud, conforme Claudinei, é de R$ 1.159 para uma carga de 44 horas semanais. A título de comparação, a prefeitura, segundo ele, paga R$ 2.800 e funcionários do HU (Hospital Universitário) chegam a ganhar quase R$ 4 mil. “É muita disparidade e não estamos brigando por equiparação salarial, queremos, sim, o devido reajuste”, diz Claudinei. Por causa do baixo salário, muitos técnicos de enfermagem dobram a carga horária. “Geralmente a carga horária semanal na Funsaud chega a 70 horas”, disse ele. 

O representante dos trabalhadores falou que não existe diálogo com a Funsaud e a prefeitura. A categoria sequer tem sido recebida para reuniões. A alegação aos profissionais é a de que a não há dinheiro para reajuste devido as dívidas da Fundação.