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Maio laranja

15 MAI 2021 • POR EDITORIAL • 07h00

Um crime silencioso, que causa profundos traumas, dores e cicatrizes nas vítimas. Ele acontece, muitas vezes, ali mesmo dentro de casa, debaixo dos nossos olhos e é cometido por quem menos se espera em muitos casos.

O combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes é o tema de uma campanha de conscientização do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). A iniciativa reforça as atividades do Maio Laranja, mês marcado pelo combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Sim, o fato é grave e é preciso falar sobre ele. Em Dourados, conforme dados comparativos apresentados pelo Polícia Civil, o número de casos de violência sexual (abuso sexual) aumentou nos primeiros cinco meses deste ano se comparado a 2020.

Conforme os dados, de janeiro a maio do ano passado foram registrados 21 ocorrências de estupro de vulnerável. Nos cinco primeiros meses deste ano (maio ainda está pela metade) já contabiliza 27 casos. O abuso sexual infantil tem a característica de se revestir de segredo.

O silêncio encobre os crimes feitos contra a criança, de forma a garantir sua continuidade por muitos anos. Com a pandemia as escolas ficaram vazias. Isso significa tanto, em termos do que nós conhecemos como educação. Mas, e quando falamos em crianças que estão em situação de risco? A preocupação é a segurança, a proteção física e psicológica desses seres humanos em formação.

O distanciamento social imposto atualmente pode agravar a situação das crianças, porque o inimigo costuma ser alguém considerado de confiança pela família. Com números alarmantes e a revoltante realidade de que a maioria dos abusos acontece no ambiente familiar, é imprescindível que o Poder Público atue e contribua no combate efetivo a esse crime. Trazer esse tema à discussão é necessário.

No entanto, a campanha e o assunto não devem ser tratados apenas no mês de maio. Precisamos, enquanto sociedade, enquanto pais, dar voz a essas crianças e adolescentes, para que sejam fortalecidos e não se calem diante de qualquer tipo de violação, ainda que não física.

É preciso educação, diálogo, conhecimento e atenção, sempre. Uma coisa é certa. Existe uma mudança de comportamento da criança quando ocorre abuso, mas cada uma delas reage de um jeito.

Os pais e mães devem estar atentos a qualquer mudança sem motivo, repentina da qual tenham conhecimento. A melhor forma de combater a violência e incentivar as denúncias é a informação.